8 Maio 2012

A estação televisiva de emissão em língua inglesa Al-Jazira foi forçada a fechar o seu escritório em Pequim depois de a repórter Melissa Chan ter sido expulsa da China, levando a Amnistia Internacional a apelar às autoridades locais para renovarem imediatamente o seu visto e as suas credenciais de jornalista.

O canal manifestou o seu desapontamento para com a situação e afirma que irá continuar a requerer uma representação na China.

Chan é a primeira jornalista estrangeira acreditada a ver as suas credenciais e o visto revogados desde 1998, quando Yukihisa Nakatsu do “Yomiuiri Shimbun” e Juergen Krem do “Der Spiegel” foram expulsos. O ministro dos negócios estrangeiros da China não deu nenhuma explicação sobre a decisão de não prolongar o prazo dos seus documentos.

“A expulsão de Melissa Chan faz parte de um quadro mais geral de tentativas de intimidação a jornalistas estrangeiros, que está a impedi-los de relatar sobre temas vistos como “sensíveis” pelas autoridades”, afirma Corinna-Barbara Francis, investigadora para a China da Amnistia Internacional.

“Os jornalistas internacionais correspondentes na China tiveram de se autocensurar durante anos para poderem ficar no país. Mas forçar a Al-Jazira a fechar o seu escritório em Pequim é uma escalada perigosa, que não augura nada de bom para o futuro dos correspondentes da imprensa que trabalham na China”.

Durante o recente caso do ativista Chen Guangcheng e a sua estadia de seis dias na embaixada dos Estados Unidos em Pequim, vários jornalistas estrangeiros foram ameaçados com a revogação dos seus vistos por alegadamente entrarem no parque de estacionamento do hospital onde Chen está a receber tratamento médico.

Chan cobriu várias histórias controversas da China, incluindo reportagens sobre a prisão de peticionários das zonas rurais nas “prisões negras”, não oficiais, e sobre as apreensões ilegais de terras agrícolas.

Os peticionários são indivíduos que tentam usar os direitos tradicionais para apresentar casos pessoais de injustiça diretamente às autoridades, fora dos trâmites legais normais.

Alguns peticionários levam os seus casos às autoridades centrais em Pequim, de onde normalmente são depois forçados a regressar às suas terras natal, sendo por vezes presos nas chamadas “prisões negras”, locais de detenção não registados para onde os indivíduos são enviados sem qualquer procedimento legal. São geralmente detidos sem que a família receba qualquer notificação e correm um elevado risco de receberem maus-tratos.

“Se as autoridades chinesas têm um compromisso para com a liberdade de expressão, devem parar de tentar amordaçar os jornalistas através destas medidas de punição e devem renovar imediatamente o visto de Melissa Chan e permitir que a Al-Jazira de língua inglesa continue a operar no país”, acrescenta Corinna-Barbara Francis.

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