18 Março 2020

por Pedro A. Neto, Diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal

 

Declaração da
Amnistia Internacional – Portugal
sobre a crise do COVID-19

Juntos ultrapassamos todos os desafios e juntos vencemos todas as batalhas, especialmente as que são pela Humanidade.

Em primeiro lugar, a hora é de respeito e gratidão profunda por todas as pessoas que, na linha da frente, mantêm a sociedade a funcionar, em Portugal e em todo o mundo. Desde os trabalhadores no setor da saúde, às pessoas que mantêm os serviços essenciais em funcionamento. Saibamos perceber com gratidão de que, para termos pão pela manhã, alguém trabalhou para isso acontecer. Que tenhamos consciência do privilégio que é bastar-nos abrir uma torneira e termos água para beber. Tantos exemplos podíamos enunciar.
Nem todas as pessoas têm esse privilégio e por vezes temos tanto por garantido no nosso quotidiano que nem percebemos quantas pessoas estão ao nosso serviço diariamente! Temos para com todas elas uma dívida de gratidão absoluta e quotidiana, dívida de gratidão tão maior nos tempos excepcionais que vivemos agora.

Num tempo de muitas incertezas é difícil discernir que caminhos seguir, no entanto há fundamentos que conhecemos e que nos guiam na direção certa. As crises trazem ao de cima o melhor das pessoas, o melhor da humanidade.

Trabalhando na Amnistia Internacional, vemos muitas vezes o pior da humanidade em violações de direitos humanos. Vemos o melhor, o absoluto, aquilo que podemos alcançar quando colocamos de lado divisões e nos unimos em torno de um propósito e de uma missão.

Conscientes do quão incríveis podemos ser quando nos unimos, assistimos agora a uma grande generosidade por parte de muitas pessoas, desde aquelas que abnegadamente trabalham em cuidados de saúde, às que, sem ceder ao cansaço, produzem, transportam, tratam e repõem, em cada noite, prateleiras com alimentos e bens de primeira necessidade nos estabelecimentos comerciais. Vemos as redes de apoio, a solidariedade e a empatia que vizinhos e comunidades formam para se entreajudar, especialmente junto dos mais idosos ou pessoas de condição mais vulnerável a esta crise. É assim que somos no nosso melhor!

O que pedimos agora aos nossos ativistas, apoiantes e membros é uma chamada de ação urgente, nacional e internacional, todos os dias da nossa vida!

Estamos todos ligados, em todo o mundo. E a resposta a esta crise tem de contar com os direitos humanos como referência de ação. Devemos cuidar especialmente das pessoas mais vulneráveis, das pessoas em situação de sem abrigo, das mais idosas, dos marginalizados e de quem vive em situação de pobreza, maior solidão ou desespero na falta de habitação condigna onde se abrigar, a si e à sua família. Precisamos de ter a convicção de que ninguém pode ser deixado para trás!

Teremos de trabalhar juntos pelos direitos humanos, pela compaixão, pela empatia. Não deixar que a crise, o pânico ou o medo nos vençam! Esta é hora de agir! Temos de tomar conta uns dos outros. Seguir os conselhos das autoridades e profissionais de saúde. Precisamos de nos voluntariar para ajudar quem necessitar e fazê-lo com competência. A boa vontade é importante, mas não chega. Temos de agir com segurança protegendo os outros e protegendo-nos também pessoalmente, física e mentalmente.

As pessoas que vivem em campos de refugiados pelo mundo inteiro, as pessoas que sofrem o flagelo das guerras e de outras violações de direitos humanos, estão também a enfrentar a pandemia. Estamos com essas pessoas e pedimos aos nossos apoiantes, membros e ativistas que, igualmente, continuem a estar!

Nos tempos que se seguem vamos continuar o bom combate à pandemia COVID-19 e vamos continuar também o nosso trabalho pelos direitos humanos em todo o mundo, como sempre e sem parar. Pedimos que continuem connosco também, o vosso apoio e ativismo é o que nos permite continuar!

Os direitos humanos devem ser considerados em absoluto, todos os dias e muito especialmente em situações de emergência como esta. Bem sabemos que alguns aproveitarão esta crise como desculpa para violações de direitos humanos. Com toda a firmeza dizemos: não os deixaremos!
Seremos cada vez mais pessoas a exigir isso mesmo e a agir em prol de um mundo onde todas as pessoas usufruam de direitos humanos em pleno.

Martin Luther King disse um dia que o ser humano tinha aprendido a voar como os pássaros no céu, tinha aprendido a nadar como os peixes no mar, mas não compreendia por que não aprendia também a viver em fraternidade e em generosidade de partilha, como irmãos e irmãs na nossa humanidade.

Pois este é o tempo de nos unirmos, de reaprendermos e vivermos essa fraternidade e de o fazermos com toda a convicção, empatia e compaixão. Mais juntos do que nunca, na certeza de que também este desafio venceremos!

Continue connosco e subscreva a nossa newsletter no final desta página. Assim, poderá acompanhar o nosso trabalho e juntar-se a ele. Irá também receber as nossas propostas de atividades sobre direitos humanos que disponibilizaremos em breve e ao longo deste tempo de excepção.

Pedro A. Neto
Diretor executivo

 

 

COVID 19: DETERMINADOS PELA ESPERANÇA

À medida que a pandemia de COVID-19 se espalha pelo mundo, a vida pode parecer em espera – mas a luta pelos direitos humanos nunca pára.
Preparámos uma página com vários conteúdos relacionado com esta temática, que incluía informações específicas, inspiração tão necessária neste momento e formas de agir e se envolver.

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