13 Janeiro 2016

A detenção de Samar Badawi, destacada defensora de direitos humanos na Arábia Saudita, irmã do ativista e blogger Raif Badawi e ex-mulher do advogado de direitos humanos Waleed Abu al-Khair, é o mais recente exemplo do total desrespeito da Arábia Saudita às suas obrigações e fornece nova prova sólida da vontade das autoridades sauditas em suprimir todos os sinais de dissensão pacífica no país, avalia a Amnistia Internacional.

De acordo com testemunhos de ativistas locais, Samar Badawi foi detida na manhã desta terça-feira, 12 de janeiro, em Jidá e levada junto com a filha de dois anos, Joud, para uma esquadra de polícia. Ao fim de várias horas de interrogatório, Samar Badawi acabou por ser transferida para a prisão de Dhaba e deverá ser apresentada perante os procuradores nas 24 seguintes à sua detenção. Crê-se que a defensora de direitos humanos foi detida em parte devido ao seu alegado envolvimento na gestão de uma conta de Twitter que faz campanha pela libertação do seu ex-marido, o advogado Waleed Abu al-Khair, que se encontra também preso na Arábia Saudita.

“A detenção de Samar Badawi constitui um novo e muito alarmante revés de direitos humanos na Arábia Saudita e demonstra o quão longe as autoridades estão dispostas a ir na sua investida incansável de perseguição e intimidação dos defensores de direitos humanos até à sua submissão ao silêncio”, frisa o diretor da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Philip Luther.

O perito recorda que “apenas algumas semanas depois de ter chocado o mundo com a execução de 47 pessoas num só dia, incluindo o líder religioso muçulmano xiita xeique Nimr al-Nimr, a Arábia Saudita dá renovadas provas do seu total desdém pelos direitos humanos”. “Samar Badawi foi detida apenas por exercer pacificamente o direito de liberdade de expressão e tem de ser imediata e incondicionalmente liberta”, insta ainda.

Em dezembro de 2015, o Ministério da Administração Interna saudita emitiu uma proibição de deslocação para o estrangeiro a Samar Badawi, de forma a impedi-la de viajar para Bruxelas onde deveria participar num evento de direitos humanos.

O ex-marido de Samar Badawi, Waleed Abu al-Khair, cumpre uma pena de 15 anos de prisão também em relação ao trabalho que desenvolve na proteção e defesa dos direitos humanos na Arábia Saudita. Centenas de milhares de apoiantes da Amnistia Internacional intercederam pela libertação deste advogado na grande campanha global Maratona de Cartas de 2015. Em abril do ano passado, Samar Badawi escreveu uma emotiva carta a Waleed Abu al-Khair.

Samar Badawi é irmã do blogger e ativista Raif Badawi, o qual se encontra igualmente preso na sequência de uma sentença a dez anos de prisão e mil chicotadas por ter criado um fórum online de discussão pública sobre democracia. Raif Badawi foi submetido às primeiras 50 lategadas daquela sentença há pouco mais de um ano. Tanto o blogger como a irmã são prisioneiros de consciência e devem ser libertos de forma imediata e incondicional.

 

A Amnistia Internacional mantem ativa uma campanha em defesa da libertação de Raif Badawi, irmão de Samar, que foi condenado a dez anos de prisão e mil chicotadas pela sua atividade de fundador e gestor do fórum de discussão online “Liberais Sauditas”. Junte-se a este apelo, pedindo ao rei saudita para que Raif Badawi seja libertado: assine!

 

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