26 Julho 2011

 

As autoridades nigerianas devem pôr fim imediato aos homicídios ilegais levados acabo pelas forças de segurança, afirmou, no dia 25 de Julho, a Amnistia Internacional, após o homicídio de 23 pessoas pelas forças policiais no seguimento da explosão de uma bomba no dia 24 de Julho, na cidade de Maiduguri.
 
A bomba, alegadamente lançada pelo grupo islâmico Boko Haram, explodiu no Mercado de Budum, no centro de Maiduguri e feriu três soldados. De acordo com relatórios recebidos pela Amnistia Internacional, a Força Militar Conjunta Nigeriana (JTF) respondeu disparando sob várias pessoas aleatoriamente, matando-as, antes de incendiar o mercado.
 
“O Presidente Goodluck Jonathan deve controlar as forças armadas nigerianas e impedir imediatamente que se realizem mais violações dos direitos humanos e homicídios ilegais”, afirmou Tawanda Hondora, Subdirector da Amnistia Internacional para África.
 
“O governo deve investigar estes tremendos crimes e julgar os responsáveis pelos homicídios. Autorizar que as tropas entrem em alvoroço não levará à justiça aqueles que realizam estes terríveis ataques à bomba contra civis”, acrescentou.
 
 “Enquanto permanecer dentro da lei, o governo deve reunir esforços para levar à justiça os membros do grupo Boko Haram que trouxeram sofrimento profundo às pessoas.”
 
Um dos dirigentes do grupo Boko Haram já veio negar a autoria da explosão da bomba, dizendo que pode ter sido realizada por um grupo dissidente.
 
A Força Militar Conjunta foi formada pelo governo federal em Junho de 2011 para restaurar a ordem no estado de Borno. Nos últimos meses, a Amnistia Internacional recebeu inúmeros relatórios declarando que as forças de segurança no estado de Borno recorreram a homicídios ilegais, detenções arbitrárias e ilegais, extorsão e intimidação.  
 
Um defensor dos direitos humanos disse à Amnistia Internacional: “Os soldados entraram em alvoroço. Dispararam sob várias pessoas e incendiaram todas as suas lojas e propriedades, tal como os seus carros.” 
 
No seguimento de uma bomba em Maiduguri, há duas semanas atrás, membros da Força Militar Conjunta terão alegadamente ameaçado disparar sobre os habitantes se estes não denunciassem os ataques planeados. 
 
“Rusgas a casas, detenções ilegais, homicídios e desaparecimentos têm sido práticas recorrentes em Maiduguri há já alguns meses. A menos que sejam tomadas medidas para assegurar que as forças de segurança operam de acordo com a lei e respeitam sempre os direitos humanos, a próxima vez que o grupo Boko Haram atacar ou matar um soldado, é provável que aconteça o mesmo”, afirmou Tawanda Hondora. 
 
Milhares de pessoas que viviam em Maiduguri deixaram a cidade; e muitas mais continuam a fazê-lo. A Força Militar Conjunta foi também acusada de violar mulheres durante as suas operações nos últimos meses. “As alegações de violações de mulheres por membros da Força Militar Conjunta têm de ser investigadas e os seus perpetradores levados à justiça”, disse Hondora. “As vítimas de violações e violência sexual devem ter apoio e cuidados de saúde adequados.”  
 
Desde Julho de 2010, que os ataques que se crêem ser realizados por membros do grupo religioso Boko Haram aumentaram drasticamente. Mais de 250 pessoas foram mortas em ataques como estes, muitos dos quais atingiram oficiais da polícia e do governo. Foram mortos vários líderes religiosos e também foram atingidas igrejas.
 
Desde Junho de 2011, que o grupo também ataca bares e cervejarias ao ar livre, matando dezenas de pessoas.

Artigos Relacionados