19 Fevereiro 2014

As acusações feitas contra o líder da oposição venezuelana Leopoldo López perfilam-se como uma tentativa politicamente motivada para silenciar a dissidência no país.

“As autoridades venezuelanas têm de apresentar provas sólidas para consubstanciar estas acusações deduzidas contra López ou libertá-lo prontamente e de forma incondicional”, frisa a diretora-adjunta do programa Américas da Amnistia Internacional, Guadalupe Marengo.

Para a perita da Amnistia Internacional as acusações contra Leopoldo López parecem “politicamente motivadas e com raiz na liderança que este oposicionista teve nas recentes manifestações” contra o Governo de Caracas. “Não vimos ainda provas que consubstanciassem tais acusações. Isto é uma ofensa à justiça e à liberdade de reunião e de assembleia”, explica.

Foi divulgado que o líder do partido Vontade Popular foi acusado sob suspeita de homicídio, danos corporais graves e outros crimes relacionados com a morte de três pessoas nos dias mais recentes dos violentos e maciços protestos a que se tem assistido na Venezuela.

Leopoldo López entregou-se voluntariamente à Guarda Nacional venezuelana esta terça-feira, 18 de fevereiro, logo após a realização de uma manifestação maciça contra o Governo que ele organizara – na sequência do mandado de captura que fora emitido em seu nome, na passada quinta-feira. Esta ordem baseava-se em suspeita do envolvimento do líder da oposição na violência que se registara antes e depois dos protestos de estudantes feitos ao longo das últimas duas semanas.

A audiência preliminar de julgamento está agendada para esta tarde em Caracas, na qual será decidido se López ficará detido, libertado sob caução ou incondicionalmente.

O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, revelara um compromisso de respeito pelos direitos humanos ao afirmar, há alguns dias, que a sua Administração não toleraria a violência por parte dos seus apoiantes e das forças de segurança. Espera-se, assim, que envie agora uma mensagem bem clara de que ninguém será detido por exercer o direito de liberdade de expressão e de se manifestar pacificamente.

Face a inexistência de provas contra Leopoldo López, a Amnistia Internacional insta à sua libertação imediata e a que todas as acusações formuladas contra ele sejam abandonadas. E considera ainda que as mortes registadas nestas últimas semanas, durante os protestos, têm de ser totalmente investigadas e responsabilizados perante a justiça aqueles que nelas estão implicados.

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