11 Outubro 2019

O secretário-geral da Amnistia Internacional, Kumi Naidoo, considera que a atribuição do Prémio Nobel da Paz 2019 ao primeiro-ministro da Etiópia reconhece o “trabalho crucial” de Abiy Ahmed Ali para “dar início a reformas a favor dos direitos humanos, após décadas de repressão generalizada no país”.

“Desde que assumiu o cargo, em abril de 2018, reestruturou as forças de segurança, substituiu as leis restritivas para instituições de caridade e da sociedade civil e estabeleceu um acordo de paz com a vizinha Eritreia para colocar um ponto final em duas décadas de relações hostis. Além disso, ajudou a intermediar um acordo entre os líderes militares do Sudão e a oposição civil, que terminou com meses de protestos”, nota Kumi Naidoo.

“De uma forma urgente, tem de garantir que o seu governo dê resposta às contínuas tensões étnicas que ameaçam a estabilidade e possam dar lugar a novas violações de direitos humanos”

Kumi Naidoo, secretário-geral da Amnistia Internacional

Apesar de vários sinais positivos, que devem ser celebrados, Abiy Ahmed Ali ainda tem um longo caminho pela frente. “Este prémio deve incentivá-lo e motivá-lo a enfrentar os desafios de direitos humanos que ameaçam as conquistas já obtidas. De uma forma urgente, tem de garantir que o seu governo dê resposta às contínuas tensões étnicas que ameaçam a estabilidade e possam dar lugar a novas violações de direitos humanos. Também deve assegurar a revisão da lei antiterrorismo, que continua a ser usada como uma ferramenta de repressão, e responsabilizar os suspeitos de violações de direitos humanos no passado”, defende o secretário-geral da Amnistia Internacional.

“O primeiro-ministro Abiy deve abraçar os princípios e os valores do Prémio Nobel da Paz para deixar um legado de direitos humanos duradouro no país, na região e em todo o mundo”

Kumi Naidoo, secretário-geral da Amnistia Internacional

“Agora, mais do que nunca, o primeiro-ministro Abiy deve abraçar os princípios e os valores do Prémio Nobel da Paz para deixar um legado de direitos humanos duradouro no país, na região e em todo o mundo”, conclui Kumi Naidoo.

No ano passado, o ginecologista congolês Denis Mukwege e a ativista yazidi Nadia Murad foram laureados pela Academia Sueca com o Prémio Nobel da Paz pela luta para acabar com a violência sexual como arma em conflitos em todo o mundo.

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