Esta petição foi encerrada.
Mais de 1100 pessoas assinaram esta petição em Portugal e, em todo o mundo, foram mais de 280000! Todas as assinaturas foram entregues no dia 14 de março de 2022, pelo escritório da Amnistia Internacional na Suíça, numa reunião em Zurique, com representantes da FIFA e da Organização Internacional do Trabalho. Durante a reunião, foi reconhecido o destaque que o Campeonato do Mundo de futebol deu à questão dos direitos humanos dos trabalhadores migrantes no Qatar e que, apesar dos vários compromissos e avanços registados nessa área, há ainda muito a fazer. Os representantes destas entidades reconheceram também os desafios no setor da segurança e de responsabilização, tal como identificados e denunciados nas investigações da Amnistia Internacional, e reconheceram o enorme impacto que esta ação produziu junto de federações nacionais de futebol em vários países, que começaram a abordar as questões de direitos humanos com maior seriedade e de forma pública. Foi ainda partilhado que há trabalho a decorrer com empresas e hóteis, para que estejam a par das suas responsabilidades no Qatar, e em todos os países onde tenham instalações.
Muito obrigada pela vossa ação.
Em baixo, pode recordar o apelo da Amnistia Internacional.
ver petições ativas
Os/as trabalhadores migrantes estão no centro do sonho qatari de organizar o Campeonato do Mundo de 2022. Mas 10 anos depois da FIFA ter entregado a organização do torneio ao Qatar, milhares de migrantes continuam a ser explorados.
Milhões de homens e mulheres oriundos/as de países na Ásia ou em África viajaram para o Qatar à procura de um futuro melhor. Em muitos casos, tiveram de pagar taxas exorbitantes a agentes de recrutamento para garantir um emprego, ainda antes de saírem de casa. Tudo para garantir alguma segurança e conforto aos seus familiares.
No Qatar, estes/as trabalhadores/as migrantes – que correspondem a 95% da força laboral do país – estão a construir os estádios, as estradas e a linha de metro para os eventos do Mundial. Quando o torneio começar, irão cuidar dos jogadores e adeptos em hotéis, servi-los em restaurantes, transportá-los e garantir a sua segurança nos eventos: qualquer pessoa que visite o Qatar, será cuidada e acompanhada por trabalhadores/as migrantes, ao longo da sua estadia.
Mas hoje, enquanto se espera que a FIFA produza grandes lucros através do Mundial, os/as trabalhadores/as migrantes sofrem para que o evento se concretize. As recentes reformas no Qatar não estão a ser implementadas ou aplicadas de forma adequada, o que significa que muitas empresas ainda não estão a pagar a estas pessoas ou tratá-las sequer de forma justa. Estes empregadores ainda têm o controlo sobre as vidas destes trabalhadores e podem fazer com que tenham de trabalhar longas horas ou impedi-los de trocarem de emprego. Quando os/as trabalhadores/as migrantes são explorados/as, é muito difícil que consigam justiça ou compensação, além de que são impedidos/as de se juntarem a sindicatos, mesmo que queiram lutar coletivamente por melhores condições de trabalho.
A FIFA tem a responsabilidade de agir quando os/as trabalhadores/as dos projetos para o Mundial estão em risco de abuso laboral e de usar a sua influência para instar o Qatar a protegê-los/as. Mas a realidade é que estes/as trabalhadores/as têm continuado a ser explorados/as.
Quando a FIFA decidiu realizar o Campeonato do Mundo no Qatar, sabia – ou deveria saber – que existiam riscos inerentes para os direitos humanos, devido à forte dependência do país de trabalhadores/as migrantes e do seu sistema laboral explorador. Apesar de existirem avanços nestes direitos, os abusos permanentes evidenciam o trabalho que ainda há a fazer pelo Qatar e pela FIFA, se quiserem que o Mundial deixe um impacto positivo.
É por isso que queremos que a FIFA denuncie os abusos de direitos humanos. A FIFA tomar medidas urgentes para garantir que todos/as os/as trabalhadores/as ligados/as à realização do Mundial usufruem dos seus direitos e deve, publicamente, apelar às autoridades que implementem as suas reformas, de forma urgente, para que quem tem contribuído tanto para o torneio, possa realizar também os seus sonhos de uma vida digna para si e para as suas famílias.
Já em março de 2021, a Amnistia Internacional deixou claro, numa carta enviada ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, quais os motivos e a urgência de agir. É possível consultar a carta enviada aqui (apenas disponível em inglês).
Juntos/as, vamos conseguir que o Qatar 2022 seja um jogo de viragem para os trabalhadores migrantes. Junte o seu nome a este apelo também.
Todas as assinaturas serão entregues pela Amnistia Internacional.
Texto da carta a enviar
Caro Gianni Infantino,
Escrevo-lhe enquanto adepto/a de futebol que se preocupa com o impacto do nosso maravilhoso jogo na sociedade e nos direitos humanos. Apesar de alguns avanços em matéria de direitos humanos no caminho para o Campeonato do Mundo de 2022, preocupam-me os permanentes abusos a trabalhadores migrantes no Qatar.
A menos de dois anos do início do torneio, as reformas laborais no Qatar permanecem fracamente implementadas e aplicadas. Isto significa que muitas pessoas que estão a tornar este torneio possível para nós continuam a ser exploradas, enquanto a FIFA nada faz para mudar isso.
A FIFA tem uma clara responsabilidade em agir quando os/as trabalhadores/as envolvidos/as no Campeonato do Mundo estão em risco de exploração. Quando a FIFA decidiu realizar o Campeonato do Mundo no Qatar, sabia – ou deveria saber – que existiam riscos inerentes para os direitos humanos e que os trabalhadores migrantes envolvidos em projetos relacionados com o Mundial, estejam ligados aos locais oficiais ou não, sofreriam para tornar este projeto possível. Adeptos de futebol de todo o mundo irão viajar para o Qatar para o Campeonato do Mundo e ficar alojados em hotéis, irão comer em restaurantes, ser transportados em táxis e irão estar em contacto com serviços que empregam trabalhadores migrantes, e que são fundamentais para o sucesso do torneio. A FIFA deve usar a sua influência para instar o Qatar a aplicar as suas reformas laborais, para que mais nenhum trabalhador sofra em nome do jogo que todos amamos.
Assim, enquanto Presidente da FIFA, peço-lhe que garanta que a FIFA:
- Implementa e aplica todos os procedimentos de direitos humanos adequados para investigar se existe abuso laboral nos locais ligados ao Campeonato do Mundo, que atue rapidamente para os interromper e que compense qualquer dano causado.
- Atua para garantir que os abusos de direitos humanos nos locais do torneio, ou ligados a ele, são resolvidos, incluindo nas cadeias de fornecimento da FIFA e as relações empresariais.
- Usa a sua influência para, publicamente e em privado, instar o Qatar a implementar e aplicar as suas reformas laborais. Isto deve incluir medidas adicionais da parte do Qatar para proteger todos/as os/as trabalhadores/as, incluindo quem está empregado nas indústrias de serviços, essenciais para o torneio.
- Se compromete publicamente a incluir critérios de direitos humanos e diligências de direitos humanos necessárias em todas as decisões futuras relativas à atribuição da organização destes torneios.
Atentamente,
Letter content
Dear Gianni Infantino,
I am writing to you as a football supporter who cares greatly about the impact of our beautiful game on society and human rights. Despite some progress achieved on human rights in the lead up the 2022 World Cup, I am deeply concerned about the ongoing abuse of migrant workers in Qatar.
With less than two years to kick-off, Qatar’s labour reforms remain poorly implemented and enforced. This means the very people who are making the World Cup possible for us to enjoy are still being exploited, while FIFA is not doing enough about it.
FIFA has a clear responsibility to act when workers on World Cup sites are at risk of exploitation. When FIFA decided to host the World Cup in Qatar it knew – or should have known – that there are inherent risks in holding the tournament there, and that migrant workers working in all business sectors related to the success of the World Cup, whether linked to the official sites directly or not, would suffer to make it possible. Football fans will travel to Qatar for the World Cup and will stay in hotels, eat in restaurants, be driven around in taxis and engage with service industries that employ migrant workers and that are vital for the success of the tournament. FIFA must use its influence to urge Qatar to enforce its labour reforms so that no more workers suffer for the game we all love.
I am therefore calling on you, as the President of FIFA, to ensure FIFA:
- Conducts adequate human rights due diligence so that it can properly investigate whether labour abuse is taking place on World Cup-related sites, act quickly to stop it and remediate any harm caused.
- Takes action to ensure human rights abuses on World Cup sites, or linked to the tournament, are remedied, including in FIFA’s supply chain, service or business relationships.
- Uses its influence, publicly and privately, to urge Qatar to fully implement and enforce its labour reforms. This should include Qatar taking further measures to protect all workers, including those employed in service industries essential to the delivery of the tournament, from labour abuse.
- Publicly commits to include human rights criteria and a human rights due diligence process in all future FIFA tournament awarding decisions.
Best,