17 Outubro 2023

A última segunda-feira assinalou os seis meses do conflito entre as Forças de Apoio Rápido (RSF) e as Forças Armadas Sudanesas (SAF), numa escalada de violência que já resultou na morte de pelo menos cinco mil civis, mais de 12 mil feridos e mais de 5,7 milhões de pessoas deslocadas à força.

Tigere Chagutah, Diretor Regional da Amnistia Internacional para a África Oriental e Austral, recorda que “inúmeras vidas foram desnecessariamente destruídas nos últimos seis meses” e que “a atual falta de responsabilização pelos crimes cometidos no passado é uma das causas profundas da crescente violência”.

“A atual falta de responsabilização pelos crimes cometidos no passado é uma das causas profundas da crescente violência”

Tigere Chagutah

“Congratulamo-nos com a ambiciosa ação do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, na semana passada, que estabelece um mecanismo internacional de responsabilização para recolher e preservar provas, e aguardamos com expetativa a sua operacionalização o mais rapidamente possível.  Exortamos todas as partes envolvidas no conflito a cooperarem com esse mecanismo”, sublinhou.

Tigere Chagutah defende que o Conselho de Segurança da ONU “deve instar todos as organizações relevantes a aumentar significativamente o apoio humanitário ao Sudão e exigir que as partes permitam a entrega sem obstáculos da ajuda humanitária”. “O Conselho de Segurança deve também alargar o atual embargo de armas a todo o Sudão e garantir a sua aplicação”, afirmou.

 

Contexto

A Amnistia Internacional juntou-se recentemente a mais de 50 organizações de direitos humanos que apelam à comunidade internacional para que se mobilize para enfrentar a catástrofe que se tem vindo a desenrolar no Sudão.

A escalada da violência, em abril de 2023, ocorreu após semanas de tensões entre as RSF e as SAF devido à reforma das forças de segurança durante as negociações para um novo governo de transição. A RSF e a SAF derrubaram conjuntamente o governo de transição do Sudão, em outubro de 2021.

Num relatório publicado em agosto, a Amnistia Internacional revelou que as RSF e as SAF cometeram crimes de guerra de grande dimensão durante o conflito. O relatório, “A morte chegou à nossa casa”, documenta a existência de um grande número de vítimas civis em ataques deliberados e indiscriminados. O relatório também descreve em pormenor a violência sexual contra mulheres e raparigas, ataques dirigidos a infraestruturas civis, como hospitais e igrejas, e pilhagens em grande escala.

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