16 Janeiro 2015

A Amnistia Internacional obteve informações que indicam que a nova ronda de chicotadas a que seria submetido, esta sexta-feira, o blogger e prisioneiro de consciência saudita Raif Badawi não foi efetuada por razões médicas.

Raif Badawi foi transferido da cela na prisão onde cumpre a pena de dez anos a que foi condenado em maio passado para o hospital prisional, onde foi submetido a uma série de exames clínicos antes da hora a que estava marcado receber mais 50 das mil chicotadas da sentença.

O médico que examinou o ativista concluiu que os ferimentos resultantes da primeira ronda de 50 chicotadas infligida na sexta-feira passada não tinham ainda sarado de forma adequada, pelo que Raif não seria capaz de suportar naquele momento nova flagelação. Recomendou ainda que a sentença de chicotadas só continuasse a ser executada na próxima semana. Mas não é claro se as autoridades sauditas vão ou não cumprir esta recomendação feita pelo médico.

“O adiamento com base em razões clínicas não só põe a nu a profunda brutalidade desta punição mas também expõe a sua chocante desumanidade. A ideia de que Raif Badawi tem de sarar os ferimentos para voltar a sofrer um tão cruel castigo uma e outra vez é verdadeiramente macabra e ultrajante. A flagelação não deve ser feita em nenhumas circunstâncias”, sustenta o vice-diretor do Programa Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional, Said Boumedouha.

A flagelação é proibida pela lei internacional, a par de outras formas de punição física.

“Parece que a flagelação foi adiada por agora, mas não há maneira de saber se, de facto, as autoridades da Arábia Saudita vão cumprir mesmo a recomendação médica. Raif Badawi permanece em perigo imediato”, alerta este perito da organização de direitos humanos.

A condenação do ativista a mil chicotadas provocou uma vaga internacional de críticas e protestos, com pessoas de todo o mundo – incluindo membros da Amnistia Internacional – a manifestarem-se contra a flagelação de Raif Badawi e a fazerem campanha pela libertação imediata e incondicional deste prisioneiro de consciência.

A Amnistia Internacional tem uma petição ativa a favor da libertação de Raif Badawi, apelando também ao rei saudita para que suspenda prontamente a execução da flagelação do ativista: assine! Participe também na ação que a organização de direitos humanos está a promover nas redes sociais, enviando tweets às autoridades sauditas e portuguesas para manter a pressão a favor da libertação de Raif Badawi.

 

Artigos Relacionados