5 Agosto 2014

A Amnistia Internacional acolhe com satisfação a decisão do Governo espanhol em suspender temporariamente todas as exportações de armas e tecnologia militar para Israel, e insta a que esta medida se mantenha até à imposição de um embargo em sede das Nações Unidas que promova o mesmo rumo adotado por outros países.

A decisão de suspender o fornecimento de armamento a Israel foi aprovada na passada quinta-feira, 31 de julho, pelo Gabinete Interministerial Regulador do Comércio Externo de Material de Defesa e Uso Duplo, que tutela esta matéria a nível governamental em Espanha – no que torna este país no primeiro em toda a comunidade internacional a dar um tal passo no contexto da ofensiva militar israelita contra a Faixa de Gaza, na qual se contam já mais de 1.800 mortos.

“Acolhemos com satisfação esta decisão do Governo espanhol, que é coerente com o que está estabelecido na legislação do país, europeia e internacional sobre os fornecimentos de armas”, frisa a diretora-adjunta da Amnistia Internacional Espanha, Ana Rebollar.

A organização de direitos humanos defende que é necessário agora que Espanha mantenha esta decisão em vigor até que seja aprovado em sede do Conselho de Segurança das Nações Unidas um embargo global às exportações de armas para Israel, para o Hamas e outros grupos palestinianos armados, e o qual promova uma suspensão por parte dos outros países. Este apelo, de resto, fora apresentado pela Amnistia Internacional Espanha ao gabinete da tutela a 10 de julho.

“Até que estejam em vigor mecanismos eficazes que garantam que as armas não serão usadas para cometer graves violações dos direitos humanos e da legislação humanitária, nenhum país deveria enviar armas para Israel”, avança Ana Rebollar.

Apelo feito também aos Estados Unidos

A Amnistia Internacional já repetidas vezes apresentou aos Estados Unidos, que é o principal exportador de armas para Israel, este mesmo pedido a favor de uma suspensão dos fornecimentos de armamento. O apelo foi feito também à Colômbia, à Áustria, à Coreia do Sul e à Índia, países que fizeram importantes fornecimentos de armas a Israel nos últimos cinco anos. Por outro lado, foi criticada a prestação de assistência técnica feita pelo Irão ao Hamas sobre a fabricação de armas.

Aos Estados Unidos, a organização de direitos humanos instou também para que cessem imediatamente os fornecimentos de combustível, nomeadamente uma entrega que está em trânsito marítimo rumo a Israel para ser usado pelo Exército: um petroleiro saiu carregado de um porto no Texas a 23 de julho com destino a Ashkelon, zona petrolífera israelita para norte da Faixa de Gaza.

Exportações espanholas

Dados oficiais dão conta que entre 2003 e 2012 a Espanha teve operações comerciais com Israel no valor de 8.9 milhões de euros. Em 2013 acrescem exportações no valor de 4.88 milhões de euros e importações no valor de 5.9 milhões de euros.

De entre os produtos exportados por Espanha para Israel, entre 2010 e 2013, estão veículos de todo-o-terreno, componentes de pistolas desportivas (para reexportação para a União Europeia), componentes de um míssil militar, disparadores de granadas de morteiro, sistemas eletro-óticos de morteiro (para reexportação para o Exército espanhol) e um protótipo de sistema de direção de tiro (para reexportação para a Indonésia), e ainda cartões eletrónicos de armazenamento e processamento de imagens incorporáveis em equipamentos de aeronaves militares (para reexportação para a União Europeia).

 

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