9 Janeiro 2015

A Amnistia Internacional confirmou que a perversa e cruel pena do ativista saudita Raif Badawi, condenado a mil chicotadas infligidas em público, começou a ser executada logo após as preces desta sexta-feira, 9 de janeiro, em frente da mesquita de Al-Jafali, em Jidá, a segunda maior cidade da Arábia Saudita.

Testemunhos obtidos pela organização de direitos humanos dão conta que Raif Badawi (na foto) chegou numa carrinha da polícia à praça em frente da mesquita, da qual saiu algemado. Rodeado por uma multidão e numerosos agentes de segurança, o ativista recebeu então 50 chicotadas nas costas. Tudo durou pouco mais de 15 minutos, findos os quais Raif Badawi foi levado de volta para o autocarro, que partiu de regresso à prisão.

“A flagelação de Raif Badawi constitui um ato perverso de crueldade que está expressamente proibido pela lei internacional”, sublinha o vice-diretor da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Said Boumedouha. “Ao ignorar os apelos internacionais para cancelar a execução das chicotadas, as autoridades da Arábia Saudita demonstraram um desrespeito repugnante pelos mais básicos princípios de direitos humanos”, prossegue.

A Amnistia Internacional considera que Raif Badawi é um prisioneiro de consciência, cujo único “crime” foi exercer o seu direito de liberdade de expressão, ao manter um site onde era promovido o debate público de ideias e opiniões. E deve, por isso, ser imediatamente e incondicionalmente libertado.

Raif Badawi – um dos casos da campanha global da Maratona de Cartas de 2014 – foi condenado por “blasfémia” no ano passado numa pena de dez anos de prisão, mais mil chicotadas e uma multa de um milhão de riais (cerca de 225 mil euros), por ter criado um fórum de discussão online aberto ao debate, e onde as autoridades dizem ter “insultado o Islão”. As mil chicotadas serão aplicadas ao longo de 20 semanas.

“É arrepiante pensar que Raif Badawi tem pela frente 19 semanas de flagelação nestes próximos meses. As autoridades sauditas têm de agir de imediato para que não sejam aplicadas mais chicotadas”, insta Said Boumedouha.

Todas as formas de penas físicas, incluindo chicotadas, são proibidas pelas leis internacionais que banem a tortura e outros maus-tratos e punições cruéis, desumanas ou degradantes. “Esta é uma sentença brutal. É horrível pensar que uma pena de tal forma perversa e cruel seja imposta a alguém que não é culpado de nada mais do que ter criado um fórum aberto de discussão e exercer pacificamente o seu direito à liberdade de expressão”, frisa o diretor da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Philip Luther.

 

Mais:

O relato de uma testemunha do castigo de Raif Badawi – “Ele ficou em silêncio o tempo todo mas era visível que estava em sofrimento”

 

 

 

 

Artigos Relacionados