9 Agosto 2011

 

Duas mulheres activistas do Bahrein, detidas pelo seu envolvimento nos protestos pro-reforma, iniciaram uma greve de fome para exigirem a sua libertação.
 
Roula al-Saffar, Directora da Sociedade de Enfermagem do Bahrein, e Jalila al-Salman, Vice-presidente da Associação de Professores do Bahrein, estão detidas há vários meses perto da capital de Manama. Ambas alegam que sofreram tortura durante a detenção.
 
“A decisão de Jalila al-Salman e Roula al-Saffar de iniciarem uma greve de fome é uma tentativa desesperada de protestar contra a sua detenção e contra a forma como têm sido tratadas”, afirmou Philip Luther, Vice-Director da Amnistia Internacional do Programa para o Médio Oriente e Norte de África.
 
“A Amnistia Internacional preocupa-se com o facto de estarem detidas unicamente por terem participado nos protestos, nesse caso seriam ambas Prisioneiras de Consciência que devem ser libertadas imediata e incondicionalmente.”
 
São as únicas duas mulheres a aguardarem julgamento pelo seu envolvimento nos protestos que continuam presas. Actualmente partilham uma cela no centro de detenção da cidade de ‘Issa, a sul de Manama. Outras mulheres manifestantes aguardam ainda julgamento, mas foram libertadas sob fiança.
 
Jalila al-Salman estava entre os vários membros do Conselho da Associação dos Professores do Bahrein detidos em Manama, depois do grupo ter organizado uma greve de professores durante os protestos pro-reforma realizados em Março.
 
Roula al-Saffar encontrava-se entre um grupo de profissionais de saúde acusados de cometerem crimes durante os protestos, incluindo furto de medicamentos. O grupo nega a acusação.
 
Jalila al-Salman foi alegadamente agredida durante os primeiros dias de detenção, enquanto que Roula al-Saffar afirmou ter sido agredida, sujeita a choques eléctricos e abuso verbal durante os primeiros 11 dias da sua detenção.
 
“As autoridades do Bahrein devem investigar profundamente estes relatos de tortura sem mais demoras, particularmente porque parecem ser parte de um padrão perturbador generalizado de maus-tratos contra os manifestantes detidos”, afirmou Philip Luther.
 
Jalila al-Salman enfrenta julgamento por acusações que incluem “incitação ao ódio contra o regime” e “apelos à queda e mudança do regime pela força”.
 
A Amnistia Internacional recebeu informações de que as duas mulheres iniciaram a greve de fome para protestarem sobre o facto de ainda estarem presas enquanto outras pessoas foram libertadas sob fiança, assim como pela tortura a que foram sujeitas durante a detenção.
 
Desde que os protestos pro-reforma começaram, em Fevereiro, pelo menos 500 pessoas foram detidas no Bahrein e quatro pessoas morreram em circunstâncias suspeitas durante a detenção. Quase 2000 pessoas foram demitidas ou suspensas do trabalho.
 
Dezenas de detidos, incluindo profissionais médicos e proeminentes activistas da oposição, foram levados a tribunais militares por liderarem protestos e em alguns casos apelarem à mudança do governo.

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