9 Março 2011

As recentes medidas repressivas da China contra os jornalistas estrangeiros que cobrem possíveis protestos, inspirados pelos acontecimentos no Médio Oriente e Norte de África, sinaliza o receio do governo quanto a protestos populares, afirmou a Amnistia Internacional. “As autoridades devem honrar os compromissos que fizeram antes das Olimpíadas de Pequim, em 2008, para permitir que a imprensa estrangeira leve a cabo entrevistas na China, sem interferência oficial”, afirmou Sam Zarifi, Director do Programa da Amnistia Internacional para a Ásia-Pacífico.

“Estas novas restrições a jornalistas estrangeiros constituem uma parte da repressão geral contra a liberdade de expressão e de opinião, que tem também observado detenções de activistas e advogados chineses.” 

O Clube dos Correspondentes Estrangeiros na China (The Foreign Correspondents Club of China) afirmou que mais de uma dezena de repórteres, incluindo da BBC, CNN e Bloomberg, foram agredidos ou detidos por agentes de segurança quando se preparavam para cobrir possíveis protestos no distrito comercial da cidade de Wanfujing, no passado dia 26 de Fevereiro. 

Agentes à paisana agrediram e pontapearam um repórter de imagem, que veio a necessitar de tratamento hospitalar.  

Os jornalistas foram despojados dos seus equipamentos pela polícia e forçados a sair da área, identificada como o local do possível protesto de acordo com as mensagens dos activistas online anónimos. Poucos manifestantes, se é que algum, apareceram na verdade no local, à luz da forte presença de segurança do governo. 

“As tentativas para controlar os meios de comunicação estrangeiros através da violência, intimidação e perseguição demonstram o desdém das autoridades pelas liberdades básicas de imprensa e pelas próprias normas da China”, afirmou Sam Zarifi.

Nas últimas semanas, usuários anónimos de sites de redes sociais apelaram a uma “Revolução de Jasmim” na China e instaram os possíveis manifestantes a reunirem-se pacificamente em cidades por todo o país. 

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou que os jornalistas foram responsáveis pelos ataques que sofreram. 

Vários meios de comunicação estrangeiros relataram que a polícia em Pequim e Shanghai declarou que estavam proibidos de fazer reportagens em áreas públicas identificadas como locais de possíveis protestos por parte de activistas online.

De acordo com os regulamentos dos media estrangeiros de 2008 – que formalizaram as liberdades temporárias concedidas aos repórteres estrangeiros durante as Olimpíadas de Pequim – é permitido aos correspondentes estrangeiros entrevistar qualquer indivíduo maior de idade, sem permissão oficial.    

Os regulamentos não são aplicados no Tibete, onde as autoridades chinesas continuam a banir as reportagens independentes. 

Apesar dos regulamentos, os repórteres estrangeiros que viajam para fora dos centros urbanos da China continuam a ser perseguidos pelos agentes locais, que declaram que os mesmos não têm conhecimento das regras nacionais.

“O governo chinês deveria estar a expandir as liberdades de imprensa, para permitir que repórteres chineses e estrangeiros façam o seu trabalho, sem uma perseguição oficial”, afirmou Sam Zarifi. 

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