12 Junho 2014

Os civis apanhados nos confrontos que tomaram de assalto a cidade iraquiana de Mosul têm de ser protegidos a todo o custo e deve ser-lhes aberta uma saída segura da zona de conflito, sustenta a Amnistia Internacional na esteira dos eventos que levaram mais de 500 mil pessoas a fugir das suas casas naquela região.

“A tomada de Mosul por grupos armados da oposição constitui um desenvolvimento muito preocupante e com graves consequências nos direitos humanos no Iraque”, frisa o diretor-adjunto do Programa Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional, Said Boumedouha. “Ambos os lados envolvidos no conflito têm de assegurar que os civis não são quem carregará o fardo da violência, enquanto aqueles batalham pelo controlo da cidade”, avançou.

As autoridades iraquianas anunciaram na terça-feira, 10 de junho, que as forças de segurança do país tinham perdido o controlo de Mosul, a segunda maior cidade do Iraque, para grupos armados de oposição que fazem parte do jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS, o qual surgiu no Norte da Síria), após intensas batalhas ao longo do fim-de-semana. No dia seguinte surgirão os primeiros relatos de que também Tikrit, a uns 153 quilómetros para norte de Bagdad.

Esta recente vaga de violência forçou já meio milhão de pessoas a fugirem de Mosul e zonas circundantes, foi revelado a 10 de junho pela Organização Internacional para as Migrações (IOM).

Mosul é a segunda cidade iraquiana a cair sob o controlo de grupos do ISIS nos últimos seis meses, depois de as forças de segurança do país terem sido forçadas para fora de Fallujah, em Anbar, em janeiro passado. Os combates nesta região provocaram perto de meio milhão de deslocados nestes cinco meses e pelo menos 5.520 mortos.

“Os combates em Mosul vão sem dúvida nenhuma aumentar ainda mais o sofrimento dos civis iraquianos. Os grupos do ISIS e as forças de segurança iraquianas têm de refrear a violência sobre os civis e não a repetir tal como aconteceu em Fallujah. Não podem também bloquear a passagem aos civis que tentam sair da região”, sustenta Said Boumedouha.

As forças governamentais têm bombardeado Fallujah de forma indiscriminada desde janeiro, tomando por alvo até hospitais e zonas residenciais.

Por seu lado, o ISIS reclamou autoria de uma série de atentados à bomba com carros armadilhados em muitas outras partes do Iraque, como retaliação dos ataques das forças do Governo.

Neste contexto de convulsão é crucial que “o Governo Regional do Curdistão [região autónoma no Norte do Iraque] e regiões vizinhas deem refúgio seguro aos civis que estão a fugir dos combates”, defende o diretor-adjunto do Programa Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional. “E a comunidade internacional têm também de contribuir para dar resposta às necessidades humanitárias dos deslocados causados pela violência”, aponta ainda.

Os combates pelo controlo de Mosul eclodiram algumas semanas depois de o Alto Comissariado Eleitoral iraquiano ter anunciado os resultados das eleições legislativas no país, que se realizaram em abril, e surgem também numa altura em que estão em curso negociações para a formação do novo Governo no país.

 

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