23 Agosto 2011

 

As autoridades cubanas devem pôr fim à intimidação de um grupo de mulheres que faz campanha para a libertação de prisioneiros políticos, afirmou a Amnistia Internacional, no dia 21 de Agosto, depois de 19 dos membros do grupo terem sido presos novamente.
 
As últimas detenções tiveram lugar no dia 21 de Agosto, em Santiago de Cuba e perto desta cidade do sudeste cubano, onde as mulheres iriam marchar em silêncio e rezar para o fim das detenções políticas.
 
Durante o mês passado, as ‘Damas de Branco’ e os seus apoiantes enfrentaram repetidamente detenções arbitrárias e ataques físicos à medida que realizavam protestos em diversas cidades da região.
 
“A actual perseguição destas corajosas mulheres tem de parar. As autoridades cubanas devem permitir que as mulheres marchem pacificamente e participem em serviços religiosos sempre que o desejarem”, afirmou Javier Zuñiga, Consultor Especial da Amnistia Internacional.
 
A última detenção ocorreu quando as ‘Damas de Branco’ estavam a reunir-se em vários locais para depois seguirem até à Catedral de Santiago de Cuba onde realizariam uma marcha.
 
Onze das ‘Damas de Branco’ reuniram-se na manhã do dia 21 de Agosto, na casa de uma apoiante, na cidade de Palma Soriano. Uma multidão de 100 pessoas, incluindo polícia, oficiais e apoiantes do governo, cercaram a casa durante várias horas. 
 
Quando as mulheres tentaram sair, a polícia empurrou-as e puxou os seus cabelos antes de as forçar a entrar em autocarros. Após uma viagem de alguns quilómetros foram transferidas para carros da polícia e deixadas perto das suas localidades, nas províncias de Santiago de Cuba e Holguín.
 
No mesmo dia, a polícia também cercou, durante várias horas, a casa de Tania Montoya Vázquez, outra ‘Dama de Branco’ de Palma Soriano, impedindo Tania e dois colegas manifestantes de partirem.
 
Outras cinco ‘Damas de Branco’ que vivem na cidade de Santiago foram detidas antes de conseguirem chegar à Catedral e foram mantidas em esquadras durante várias horas. Acredita-se que todas foram libertadas.
 
Desde 17 de Julho, que grupos das ‘Damas de Branco’ se reúnem aos Domingos para realizarem protestos silenciosos e participarem em missas em Santiago de Cuba e em várias cidades próximas. 
 
As ‘Damas de Branco’ e as ‘Damas de Apoio’ são uma rede nacional de activistas em Cuba que recentemente intensificaram os seus protestos pacíficos nas províncias orientais. Em Havana e noutras localidades, sofreram repetidamente perseguições das autoridades cubanas pelos seus protestos pacíficos.
 
No centro de Havana, a 18 de Agosto de 2011, 49 ‘Damas de Branco’ e os seus apoiantes foram impedidos de realizarem um protesto em apoio dos seus membros em Santiago de Cuba e noutras províncias orientais.
 
Em 2003, as autoridades cubanas cercaram 75 familiares dos membros do grupo pelo seu envolvimento em actividades pacíficas de crítica contra o governo. Os 75 dissidentes foram sujeitos a julgamentos sumários e condenados a até 28 anos de prisão.
 
A Amnistia Internacional considera todas estas pessoas Prisioneiros de Consciência e as últimas foram finalmente libertadas em Maio de 2011. As ‘Damas de Branco’ e as ‘Damas de Apoio’ continuam a protestar pacificamente para a libertação de outras pessoas que acreditam terem sido detidas devido às suas actividades enquanto
dissidentes.
 
“É inaceitável que o governo sob a liderança de Raúl Castro perpetue um clima de receio e repressão para silenciar cubanos comuns que se arriscam a falar”, acrescentou Javier Zuñiga.

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