2 Fevereiro 2015

O tormento em que ainda se encontram os jornalistas da Al-Jazira Internacional Baher Mohamed e Mohamed Fahmy não pode ser esquecido com a deportação do Egito de Peter Greste, também jornalista daquela rede noticiosa, alerta a Amnistia Internacional.

A organização de direitos humanos tem feito apelos repetidos para que os três jornalistas, detidos no Egito desde dezembro de 2013, sejam libertados imediatamente e de forma incondicional.

“A notícia de que foi finalmente permitido a Peter Greste partir do Egito ao fim de mais de um ano de prisão é um alívio muito bem-vindo, mas nada desfaz a aflição pela qual ele passou. E é crucial que o mundo, agora imerso na fanfarra de celebração em volta da sua deportação, não esqueça o tormento em que continuam a viver Baher Mohamed e Mohamed Fahmy, os quais ainda permanecem atrás das grades na prisão de Tora, no Cairo”, frisa a vice-diretora da Amnistia Internacional para a região do Médio Oriente e Norte de África, Hassiba Hadj Sahraoui.

Peter Greste, de nacionalidade australiana, e Mohamed Fahmy, com dupla cidadania egípcia e canadiana, requereram ambos deportação ao abrigo de uma nova lei egípcia que permite a transferência de cidadãos de outros países para aquele de onde são oriundos a fim de aí serem julgados ou cumprirem as sentenças que lhes foram pronunciadas em casos classificados como “de elevado interesse do Estado”. Há atualmente a expectativa de que Mohamed Fahmy seja deportado para o Canadá.

A detenção destes três jornalistas da rede noticiosa com sede em Doha, capital do Qatar, gerou uma vaga internacional de críticas que se manteve ao longo deste mais de um ano. As condenações acabaram por ser anuladas em tribunal de recurso, já a 1 de janeiro passado, com base em falhas nos procedimentos legais, mas todos foram mantidos em detenção a aguardar a realização de novo julgamento.

Peter Greste, Baher Mohamed e Mohamed Fahmy tinham sido condenados a sete anos de prisão por reportarem “notícias falsas” e envolvimento com a Irmandade Muçulmana, movimento agora banido no Egito.

Baher Mohamed tem três filhos pequenos e não esteve presente no nascimento do mais novo, em agosto passado, por se encontrar preso.

“Estes três jornalistas foram alvo de acusações forjadas e forçados a enfrentar julgamentos que mais não foram do que farsas judiciais, processos marcados por irregularidades. Manter Baher Mohamed e Mohamed Fahmy presos é injusto e injustificável”, sustenta Hassiba Hadj Sahraoui.

A notícia da deportação de Peter Greste surgiu semanas após uma reconciliação entre as autoridades egípcias e as do Qatar, envolvidas numa amarga disputa desde a agitação política no Egito em 2013 que acabou por conduzir à deposição do então Presidente Mohamed Morsi.

“Tornou-se bem claro que aqueles jornalistas foram usados como peões políticos numa contenda entre as autoridades do Egito e o Governo do Qatar, que é proprietário da rede Al-Jazira. É inaceitável que tenham andado a brincar de forma tão irresponsável com as vidas destes homens”, remata a vice-diretora da Amnistia Internacional para a região do Médio Oriente e Norte de África.

A Amnistia Internacional continua a instar as autoridades egípcias a retirarem todas as acusações que foram formuladas contras os três jornalistas.

 

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