22 Agosto 2011

Teme-se que as autoridades sírias estejam a torturar um proeminente dissidente e o seu filho adolescente, disse o seu advogado à Amnistia Internacional. Walid al-Bunni está preso, em regime de incomunicabilidade, desde que foi detido no seu de esconderijo em Damasco, a 6 de Agosto, juntamente com o seu filho de 18 anos, Mu’ayad, que se acredita não ter participado nas manifestações. 
 
“Preocupa-me que estejam a manter Mu’ayad detido apenas para causar dor a Walid ao ver o seu filho ser torturado”, disse o advogado à Amnistia Internacional. 
 
Walid al-Bunni, de 46 anos, faz parte do grupo de centenas de activistas sírios detidos devido à repressão sangrenta do governo contra os manifestantes que apelam, desde Março, a que sejam feitas reformas.
 
Um franco e destemido crítico do regime do Presidente Bashar al-Assad, Walid al-Bunni pagou um preço exorbitante por defender a democracia e as reformas políticas.
Tendo já sido detido por duas vezes, Walid e dois dos seus filhos procuraram refúgio a 5 de Maio de 2011, depois das forças de segurança terem rebentado a porta de entrada do seu apartamento.
 
“Mu’ayad é o menino dos olhos do seu pai, não acredito que ele tenha participado nos protestos”, afirmou o advogado.  
Walid al-Bunni encontra-se desaparecido desde que foi detido, juntamente com os seus dois filhos, Iyad e Mu’ayad, por homens armados alegadamente membros das forças de segurança políticas da Síria. 
 
Iyad, de 19 anos, foi mais tarde libertado. O paradeiro do seu irmão e do seu pai não foi revelado e a família receia pedir informações às autoridades.
 
Walid al-Bunni já cumpriu longas sentenças de prisão por duas vezes. Passou cinco anos na prisão, de 2001 a 2006, pelas suas actividades durante a “Primavera de Damasco”, período que se seguiu à ascensão ao poder do Presidente al-Assad. 
 
Foi também detido por dois anos e meio, de Dezembro de 2007 a 16 de Junho 2010, pelo seu envolvimento numa coligação de grupos da oposição que apelam à reforma pacífica e ao respeito dos direitos humanos.
 
A Amnistia Internacional falou com Walid al-Bunni a 22 de Junho de 2010, que se encontrava bastante emocionado, pouco depois da sua última libertação. 
 
“Durante a minha detenção senti-me por vezes melancólico por não estar presente na vida dos meus filhos quando eles precisavam de mim”, disse emocionado. “Mas depois lembro-me que sou um homem de causas e que o nosso povo deve viver uma vida digna e livre.”
 
De acordo com uma lista de nomes compilada pela Amnistia Internacional, foram mortas mais de 1800 pessoas desde o início dos protestos de massas a meio do mês de Março. Muitas delas foram alegadamente mortas por munições usadas pelo exército sírio e pelas forças de segurança durante os protestos pacíficos. 
 
As autoridades sírias prenderam centenas de pessoas e mantiveram-nas em regime de incomunicabilidade em locais desconhecidos onde a tortura e os maus-tratos são frequentes.
 
A Amnistia Internacional apelou à libertação imediata dos Prisioneiros de Consciência Walid e Mu’ayad al-Bunni.
 
Walid al-Bunni está detido unicamente pelo exercício do seu direito à liberdade de expressão, associação e reunião, enquanto que Mu’ayad al-Bunni está detido aparentemente para colocar o seu pai sob pressão.
 

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