12 Fevereiro 2015

Os dois jornalistas da Al-Jazira Internacional que permaneciam detidos no Cairo foram ambos libertados esta quinta-feira, 12 de fevereiro, até que lhes seja pronunciada sentença no novo julgamento decretado pela instância de recurso à condenação anterior. A Amnistia Internacional reitera que as acusações contra eles formuladas devem ser anuladas.

“A ideia de que Baher Mohamed e Mohamed Fahmy têm de recomeçar tudo de novo nesta farsa de processo judicial é inconcebível. A mensagem que sai do novo julgamento é de que não há justiça para os egípcios”, critica a vice-diretora da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Hassiba Hadj Sahroui.

Baher Mohamed e Mohamed Fahmy, ambos jornalistas da rede noticiosa Al-Jazira, com sede em Doha, capital do Qatar, estavam presos há mais de um ano. As sentenças que lhes tinham sido pronunciadas foram anuladas em Tribunal de Recurso, que entendeu que o primeiro julgamento decorreu com falhas processuais.

“É fundamental que o contínuo calvário de Baher Mohamed e de Mohamed Fahmy não caia no esquecimento, sobretudo agora que o outro jornalista da Al-Jazira [que esteve também preso no âmbito do mesmo processo], o australiano Peter Greste, é já um homem livre. Tal como ele, Baher Mohamed e Mohamed Fahmy não são culpados de nada mais do que de exercerem o seu trabalho de jornalistas. Não há nenhuma razão para que fiquem presos. As autoridades egípcias têm de pôr um fim imediato ao seu tormento, anulando as acusações deduzidas contra eles e libertando-os prontamente e de forma incondicional”, insta Hassiba Hadj Sahraoui.

Peter Greste foi libertado a 1 de fevereiro passado, tendo requerido deportação para a Austrália ao abrigo da legislação egípcia que admite a transferência de cidadãos estrangeiros para o país de origem e aí serem apresentados a julgamento ou cumprirem as sentenças a que foram condenados em casos classificados como “de elevado interesse do Estado”.

O primeiro julgamento, condenações e sentenças de prisão dadas aos três jornalistas da Al-Jazira geraram uma vaga de críticas internacionais. Peter Greste, Baher Mohamed e Mohamed Fahmy (este último é detentor de dupla cidadania, egípcia e canadiana) tinham sido condenados a sete anos de prisão por reportarem “notícias falsas” e alegado envolvimento com a Irmandade Muçulmana, movimento agora banido no Egito.

Aquelas sentenças foram anuladas pelo Tribunal de Recurso a 1 de janeiro passado, que encontrou falhas processuais graves no julgamento do caso na primeira instância. Foi então dada ordem para que se realizasse um novo julgamento.

 

 

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