10 Julho 2013

A polícia e os militares terão usado força excessiva contra os apoiantes do Presidente deposto Mohamed Morsi, indica a investigação da Amnistia Internacional resumida no briefingUnlawful Killings in Protests and Political Violence on 5 and 8 July“.

Desde sexta-feira, pelo menos 88 pessoas perderam a vida em protestos e violência política no país, incluindo três elementos das forças de segurança. Estima-se que o número de feridos ascenda aos 1.500.

Numa missão de investigação, a Amnistia visitou morgues, hospitais e locais onde ocorreu a violência. “Apesar dos militares referirem que os manifestantes atacaram primeiro e que nenhuma mulher e criança foram feridas, depoimentos em primeira mão mostram um cenário bem diferente. Mesmo que alguns manifestantes tenham sido violentos, a resposta foi desproporcional e originou a perde de vidas e muitos feridos entre os manifestantes pacíficos”, disse Hassiba Hadj Sahraoui, Diretora Adjunta da Amnistia Internacional do Programa para o Médio Oriente e Norte de África.

Segundo apurado, as forças terão usado intencionalmente meios letais. Muitos dos feridos e dos assassinados apresentam marcas de munições e chumbos na parte superior do corpo ou mesmo na cabeça. Uma mulher na casa dos 40 anos diz que estava numa tenda com mulheres e crianças quando a violência começou. “Vi homens a correrem em direção a nós e depois começou a sentir-se o gás lacrimogéneo. Não sabia o que fazer ou para onde levar as crianças. Não sabia para onde correr, por causa dos tiros… Havia tiros e gás lacrimogéneo a virem de todas as direções… Vi muitos homens deitados no chão, cobertos de sangue… Pensei que ia morrer”.

A Amnistia Internacional apela às autoridades egípcias que “ponham fim ao uso desproporcionado da força pelos militares e pela polícia. Mesmo quando alguns manifestantes recorrem à violência, o exército deve responder proporcionalmente, sem matar ou ferir quem não está a pôr em risco a vida das forças de segurança e das outras pessoas. As autoridades devem ainda assegurar que é de imediato feita uma investigação, que todos os lados considerem independente e imparcial, para assegurar que qualquer alegado abuso por parte das autoridades não fica impune”.

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