7 Agosto 2014

O pânico alastra por todo o noroeste do Iraque, com dezenas de milhares de pessoas em fuga das áreas onde o grupo rebelde jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) está a avançar, alerta a Amnistia Internacional.

“Os iraquianos do Noroeste do país, especialmente os que pertencem às comunidades cristã e yazidi [ambas minorias éticas e religiosas no Iraque], estão em cada vez maior perigo. Tanto os habitantes daquelas regiões como os deslocados de outras áreas de combate estão agora em fuga das suas casas e dos locais onde tinham encontrado refúgio”, descreve a investigadora de situações de crise da Amnistia Internacional Donatella Rovera, que se encontra atualmente no Norte do Iraque.

Milhares de residentes da cidade de população maioritariamente cristã de Qaraqosh fugiram depois do ISIS ter chegado à zona durante a noite desta quarta-feira, 6 de agosto. Outros ficaram encurralados na cidade e incapazes de poder sair, foi relatado por várias testemunhas à Amnistia Internacional.

“Um homem em Al-Qosh, cidade cristã, contou-me ontem [6 de agosto] que há já duas semanas que fazia tudo o que estava ao seu alcance para dar abrigo e ajudar os deslocados na região: cristãos, yazidis e outras minorias que se viram forçadas a fugir das suas casas nos últimos dias e semanas por causa dos ataques do ISIS”, relata Donatella Rovera. “Hoje, também ele e a família se tornaram deslocados. O homem irrompeu em lágrimas ao descrever-me que tiveram de fugir de casa apenas com as roupas que tinham vestidas – sem tempo sequer para pegarem nos documentos de identificação. O ISIS está agora na cidade”, prossegue a investigadora.

Em Bashiqa, cidade de maioria yazidi (uma das mais antigas minorias étnica-religiosa curda do Iraque) que fica para norte de Mosul, os receios, antigos, de um ataque do ISIS concretizaram-se durante a noite. Toda a população fugiu já das suas casas.

Conforme o grupo jihadista avançava para leste e norte de Mosul ao longo da noite, milhares de pessoas fugiram em direção às cidades iraquianas de Dohuk e Erbil (na foto, civis no campo de refugiados de Khazir, perto de Erbil). “Muitos membros das minorias estão a fugir até de zonas onde não parece haver nenhum perigo iminente de um ataque do ISIS, pois estão já profundamente traumatizados pelas fugas recentes a que se viram forçados”, descreve Donatella Rovera.

É o caso de alguns yazidis da região do Sinjar, que foram obrigados a deixar as suas casas para trás no fim-de-semana depois de o ISIS ter ganho controlo da zona, e os quais tinham encontrado refúgio perto de Dohuk – estão agora de novo em fuga e rumam em direção à fronteira com a Turquia.

 

 

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