8 Agosto 2013

As novas imagens de satélite da cidade de Alepo são as provas mais recentes de como o prologado conflito sírio está a resultar em violações de direitos humanos em massa das populações civis que são vítimas da espiral de violência, deslocamentos internos e da crise humanitária.

As novas imagens – as mais exaustivas, até à data, de uma zona em conflito ativo – mostram uma tendência alarmante de como o conflito está a ser combatido: com profundo desrespeito pelas regras do Direito Internacional Humanitário causando ampla destruição, morte e o deslocamento interno de civis. A devastação revelada pelas imagens foi confirmada por Donatella Rovera, Consultora Sénior de Resposta a Crises da Amnistia Internacional, que esteve em julho na cidade de Aleppo.  Esta análise foi realizada pela American Association for the Advancement of Science, Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) em colaboração com o programa Ciência para os Direitos Humanos da Amnistia Internacional.  

“Aleppo foi completamente destruída, as populações fugiram em grande número às explosões e incêndios,” diz Donatella Rovera, que passou largos períodos de tempo a investigar as violações de direitos humanos no terreno na Síria.

Há um ano, em resposta à escalada nos confrontos e da ofensiva eminente, a Amnistia Internacional divulgou imagens satélite de Alepo e das áreas circundantes. Na altura a organização alertou para os graves riscos que corriam as populações civis e apelou a todas as partes em conflito para que respeitassem o Direito humanitário.  

Donatella Rovera: “O risco descrito há um ano relativamente às consequências devastadoras de transformar a cidade mais populada da Síria num campo de batalha tornou-se realidade. Alepo foi profundamente devastada, muitos dos seus residentes fugiram em grande número aos bombardeamentos e muitos outros ficaram presos numa cidade debaixo de fogo e cercada em condições humanitárias desesperantes.”

O conflito prolongado alimenta o número de deslocados na região

Esta análise identifica a evolução da destruição das infraestruturas de Alepo, incluindo edifícios residenciais, religiosos, comerciais e industriais. Com o aumento da intensidade dos bombardeamentos aéreos e de outros ataques, o número de sírios deslocados tem aumentado várias vezes.

Em todo o país, quase seis milhões de sírios foram forçados a abandonar as suas casas devido à espiral de violência; a maioria – 4,25 milhões – estão deslocados internamente no próprio país. Dezenas de milhares de sírios nestas circunstâncias procuraram refúgio em campos improvisados, que têm surgido ao longo da fronteira com a Turquia, desde o início do outono de 2012, quando o governo turco encerrou as suas fronteiras aos refugiados sírios.
 

O fim da paralisia internacional

A investigação da Amnistia Internacional e os vídeos feitos por cidadãos jornalistas, juntamente com estas imagens de satélite, aumentam o número de provas de potenciais crimes de guerra a acontecerem no conflito sírio. A Amnistia Internacional tem repetidamente apelado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para que refira a situação na Síria ao Procurador do Tribunal Penal Internacional, o que enviaria uma mensagem inequívoca às partes em conflito de que haverá responsabilização para quem cometer ou ordenar crimes de guerra ou crimes contra a humanidade.

 

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