7 Maio 2019

Uma delegação da Amnistia Internacional Portugal deslocou-se, hoje, à embaixada da República Islâmica do Irão, em Lisboa, para entregar 70.865 assinaturas recolhidas pela libertação de Atena Daemi. O encontro serviu ainda para conhecer a atual situação da ativista dos direitos humanos no Irão.

O diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal, Pedro Neto, e a assistente de Mobilização e Campanhas, Ana Farias Fonseca, foram recebidos pelo Primeiro Conselheiro e Encarregado de Negócios da embaixada iraniana, Mohammad Farahat. O encontro só foi possível depois de termos mobilizado mais de uma centena de ativistas. Veja como preparámos esta ação!

Durante o encontro, Mohammad Farahat indicou que, no final de 2016, a pena de prisão de Atena Daemi foi reduzida de sete para cinco anos. O mesmo responsável garantiu que a ativista tem acesso a cuidados de saúde, uma vez por mês, e recebe visitas de familiares.

“A Amnistia Internacional recordou que o “crime” cometido por Atena Daemi foi distribuir panfletos contra a pena de morte e criticar nas redes sociais o recorde atroz de execuções no país”

A Amnistia Internacional recordou que o “crime” cometido por Atena Daemi foi distribuir panfletos contra a pena de morte e criticar nas redes sociais o recorde atroz de execuções no país. Mohammad Farahat contrapôs com as acusações das autoridades iranianas que foram dadas como provadas pelos tribunais do país, onde vigora um sistema de justiça “independente”.

Atena Daemi sonha com o fim da pena de morte no Irão. Esse desejo foi expresso em redes sociais e panfletos. Depois, levou-a a protestos. Contudo, estas ações podem ser usadas como prova para uma condenação.

Em 2014, então com 26 anos, Atena Daemi foi vendada e detida. Durante os primeiros 28 dias, esteve numa cela infestada com insetos e sem casa de banho. Depois, veio a condenação a 14 anos de prisão (entretanto, reduzida), após um julgamento que durou apenas 15 minutos. Entre os crimes dados como provados estava “reunião e conluio para cometer crimes contra a segurança nacional”.

Quando já cumpria pena, foi transferida (em segredo e de forma ilegal) para uma prisão onde os guardas a ameaçavam frequentemente e incitavam ataques contra ela. Em 2017 e 2018, levou a acabo greves de fome com consequências graves para a sua saúde.

Juntos por justiça

A Amnistia Internacional exige que Atena Daemi seja libertada, imediatamente e de forma incondicional, já que se trata de uma prisioneira de consciência, privada da liberdade por exercer, de forma pacífica, o direito de liberdade de expressão, associação e reunião. Em todo o mundo, foram recolhidas 708.119 assinaturas.

A ação por Atena Daemi integra-se na Maratona de Cartas.

Apesar de existirem restrições, a campanha internacional foi amplamente divulgada por meios de comunicação de língua persa, fora do Irão, e que têm um amplo alcance dentro do país. Vários ativistas iranianos, incluindo Shirin Ebadi, galardoada com o Prémio Nobel da Paz, apadrinharam o caso.

 

Artigos Relacionados