30 Outubro 2023

 

  • Amnistia Internacional Portugal lança petição para um cessar-fogo imediato, a fim de pôr termo ao sofrimento dos civis, garantir o acesso da ajuda humanitária à Faixa de Gaza e  libertar todos os reféns

 

Face à intensificação, sem precedentes, do conflito entre as autoridades israelitas e o Hamas e outros grupos armados, que tem tido um impacto devastador na população civil, a Amnistia Internacional Portugal lança uma petição onde apela a um cessar-fogo, por todas as partes, em Israel e nos Territórios Palestinianos Ocupados (TPO).

Aliado a este apelo, a Amnistia Internacional relembra que o término dos ataques ilegais por todas as partes travaria, quer o sofrimento dos civis de ambos os lados, quer o número de mortos que cresce a cada dia. O cessar-fogo proporcionaria também a oportunidade de negociar a libertação dos reféns detidos pelo Hamas, e permitiria que as organizações e agências de ajuda humanitária fizessem chegar o seu apoio à Faixa de Gaza, de forma segura e incondicional. Por fim, traria a possibilidade da realização de investigações internacionais independentes sobre os crimes de guerra cometidos por todas as partes, a fim de colocar um fim à impunidade de longa data, que continuará a impulsionar novas atrocidades.

“Lançámos esta petição para que as pessoas possam juntar as suas vozes e nomes ao apelo fundamental do cessar-fogo em Israel e nos Territórios Palestinianos Ocupados. De ambos os lados, temos recebido relatos de sofrimento civil inconcebível, com famílias inteiras perdidas e pessoas que procuram os corpos dos seus entes queridos nos escombros com as suas próprias mãos. É por isso que pedimos este cessar-fogo, para que a proteção dos civis venha em primeiro lugar e seja imperativamente respeitada, para que os reféns israelitas sequestrados pelo Hamas possam regressar aos seus lares e às suas famílias, para que a ajuda humanitária possa entrar na Faixa de Gaza e aliviar a pressão em que se encontram os hospitais e a carências atuais dos palestinianos naquele território”, sublinha Pedro A. Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal.

“É por isso que pedimos este cessar-fogo, para que a proteção dos civis venha em primeiro lugar e seja imperativamente respeitada”

Pedro A. Neto

A cada novo dia, mais vidas se perdem. Desde 7 de outubro, o Hamas e outros grupos armados mataram, pelo menos, 1.400 pessoas em Israel, e fizeram mais de 200 reféns. Por sua vez, as forças israelitas lançaram milhares de ataques aéreos e terrestres na Faixa de Gaza, matando mais de 6.546 pessoas, na sua maioria civis, incluindo pelo menos 2.704 crianças. Na Faixa de Gaza, mais de 17.439 pessoas ficaram feridas e mais de 2.000 corpos continuam presos sob os escombros, enquanto cerca de 2 milhões de pessoas lutam pela sua sobrevivência no meio de uma crise humanitária.

Os testemunhos de ambos os lados são aterradores. Na Faixa de Gaza, Ziyad Hamad carregou o corpo do seu filho, Imad Hamad de apenas 19 anos, que foi morto num ataque israelita ao mercado de Jabalia. Ziyad descreveu como encontrou o corpo do seu filho numa morgue improvisada, juntamente com muitos outros: “Os corpos estavam queimados. Não queria olhar, tinha medo de olhar para a cara do Imad. Toda a gente procurava os seus filhos naqueles montes. Reconheci o meu filho apenas pelas suas calças. Queria enterrá-lo imediatamente, por isso peguei no seu corpo ao colo e tirei-o de lá. Levei-o ao colo”.

“Reconheci o meu filho apenas pelas suas calças. Queria enterrá-lo imediatamente, por isso peguei no seu corpo ao colo e tirei-o de lá”

Ziyad Hamad

Em Israel, o israelita Uri David tem as filhas Tair e Hodaya David desaparecidas desde o ataque ao Festival Nova Music, não sabendo se estão vivas ou mortas: “Consegui entrar em contacto com elas por telefone. Estavam deitadas no chão… e ouvi ao fundo como se fosse um campo de tiro… gritos em árabe por todo o lado. Disse-lhes para se deitarem no chão, viradas uma para a outra, e segurarem a mão uma da outra. Nem sequer respirem. Suspendam a respiração. Não foi fácil. Estive ao telefone com elas durante cerca de 30 minutos. Até que ouvi quatro respirações, ofegos pesados, e depois – não responderam. Peço ao mundo inteiro que veja isto. Temos de recuperar os nossos filhos, o mais depressa possível”.

“Temos de recuperar os nossos filhos, o mais depressa possível”

Uri David

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Exija um cessar-fogo em Israel e nos Territórios Palestinianos Ocupados

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