16 Agosto 2011

Pelo menos três jovens activistas dos direitos humanos que ajudaram a organizar protestos pacíficos em Damasco e próximo deste local, estão detidos em regime de incomunicabilidade em locais desconhecidos. Surgem receios de que um quarto indivíduo desaparecido possa encontrar-se na mesma situação. 
 
A notícia da condição dos activistas surgiu entre os relatos que apontavam para a morte de 25 pessoas no dia 14 de Agosto, na cidade portuária de Latakia, onde tanques e embarcações sírias continuam alegadamente a bombardear áreas residenciais numa tentativa de reprimir os protestos.
 
De acordo com uma lista de nomes compilada pela Amnistia Internacional, foram mortas mais de 1700 pessoas em todo o país desde o início dos protestos, em Março.
 
“As autoridades sírias devem revelar imediatamente a localização de quaisquer activistas detidos em conexão com os actuais protestos pro-reforma  e dar-lhes acesso às suas famílias e a advogados”, afirmou Philip Luther, Subdirector da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África.
 
“Se estes jovens estão detidos unicamente pelo seu envolvimento em protestos pacíficos, as autoridades não têm qualquer razão para mantê-los sob custódia e devem ser libertados imediata e incondicionalmente, sendo considerados Prisioneiros de Consciência. As autoridades sírias devem também investigar os relatos de tortura e outros maus-tratos durante detenções e levar os responsáveis à justiça.” 
 
Fontes disseram à Amnistia Internacional que dois dos activistas – Islam al-Dabbas e Majd al-Din Kholani, ambos estudantes de Daraya, a sul de Damasco – foram agredidos severamente aquando da sua detenção pela Força Aérea de Segurança, a 22 de Julho e 8 de Agosto, respectivamente. 
 
De acordo com activistas dos direitos humanos, a Força Aérea de Segurança supervisiona as detenções em Daraya. Juntamente com outros serviços de inteligência sírios, detém regularmente pessoas suspeitas de serem opositoras do governo e mantém-nas em regime de incomunicabilidade por longos períodos em centros de detenção conhecidos pelas práticas de tortura e outros maus-tratos. 
 
Hadadi Zahlout, activista dos direitos das mulheres, foi detida num café em Damasco a 4 de Agosto. Indivíduos recentemente libertados pelo departamento de Segurança Policial de Damasco, afirmaram tê-la visto detida e alegam que fez uma confissão depois de forçada a assistir à tortura da sua amiga. 
 
Shadi Abu Fakher, activista baseado em Damasco e produtor de filmes, foi visto pela última vez a 23 de Julho, quando ligou a um amigo com quem se iria encontrar nesse dia para dizer que estava a apenas dois minutos de distância.
 
Segundo fontes da Amnistia Internacional, os familiares dos activistas detidos têm tido medo de pedir detalhes do seu paradeiro às autoridades, o que aumenta o receio de terem sido sujeitos a desaparecimentos forçados.
 
Todos os quatro activistas ajudaram a organizar manifestações pro-reforma pacíficas na capital e perto desta. Islam al-Dabbas era conhecido por dar garrafas de água com flores ao exército quando este tentava atacar os manifestantes em Daraya.
 
Desde o início dos protestos populares, a meio de Março, as forças de segurança sírias prenderam centenas de pessoas em cidades por todo o país. A Amnistia Internacional recebeu inúmeros relatos de detidos torturados ou maltratados, alguns mortos durante a detenção.
 
A Amnistia Internacional apelou repetidamente ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para apresentar a situação da Síria ao Procurador do Tribunal Penal Internacional, baseando-se em provas de crimes contra a humanidade. 

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