28 Fevereiro 2012

Dois jornalistas britânicos e os seus colegas líbios, detidos por uma milícia da Líbia, devem ser libertados imediatamente ou entregues às autoridades do governo, afirma a Amnistia Internacional.

Nicholas Davies-Jones, Gareth Montgomery-Johnson e os seus colegas líbios têm sido mantido presos pela milícia Suweihli desde que foram capturados, em Tripoli, no passado dia 21 de fevereiro.

Membros da milícia Suweihli – que opera fora de Misratah, mas tem membros em Tripoli e noutros pontos no país – capturaram os homens enquanto estes estariam a filmar na capital. A milícia acusa os dois jornalistas britânicos de entrarem no país sem vistos.

“A detenção destes jornalistas é ilegal e arbitrária e os seus captores da milícia Suweilhi devem libertá-los imediatamente ou entrega-los às autoridades centrais da Líbia”, afirma Hassiba Hadj Sahraoui, vice-diretora da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África.

“Se eles estão presos simplesmente por violação da regulamentação de vistos, as autoridades centrais devem libertá-los.”
As famílias dos jornalistas disseram à Amnistia Internacional que continuam preocupadas com a segurança e bem-estar dos homens.

As autoridades do Reino Unido fizeram saber que a equipa da embaixada britânica, em Tripoli, visitou os dois jornalistas, em pelo menos duas ocasiões, sendo que estes se encontravam de boa saúde apesar de muito cansados.

Um funcionário do Ministério do Interior líbio confirmou que a milícia Suweihli mantém presos Nicholas Davies-Jones e Gareth Montgomery-Johnson. Ele afirmou que a milícia “estava a operar à margem da lei e fora do controlo das autoridades” e que os seus líderes recusaram diversos apelos para entregar os prisioneiros.

Na terça de manhã, um representante das várias milícias a operar em Misratah confirmou que os homens ainda estavam presos na sede da milícia Suweihli, em Tripoli.

Não há informações sobre a identidade e a situação dos homens líbios que foram detidos juntamente com os jornalistas britânicos.

A detenção ilegal destes jornalistas é parte de um problema maior na Líbia, onde centenas de milícias armadas operam fora de qualquer enquadramento legal, desafiando os apelos das autoridades centrais para que se desmantelem e se juntem às forças armadas e de segurança.

Milhares de líbios e centenas de estrangeiros – a maioria migrantes e refugiados provenientes da África Subsariana – têm sido arbitrariamente detidos por milícias armadas que se comportam como se estivessem acima da lei.

Outros estão presos em centros de detenção, agora sob controlo das autoridades centrais, mas praticamente nenhum foi ainda formalmente acusado ou levado à justiça.

A Amnistia Internacional visitou 11 instalações de centros de detenção por todo o país, durante um mês inteiro de uma missão de investigação e de recolha de informação.

Muitos detidos afirmaram ter sido torturados e a Amnistia Internacional viu marcas de tortura e feridas resultantes de abusos recentes. Os métodos de tortura praticados pelas milícias incluem suspensão em posições contorcidas; espancamento durante horas com chicotes, cabos, mangueiras de plástico, barras e correntes de metal; e através de choques elétricos.

O relatório recente “Militia threaten hopes for new Lybia” documenta estas descobertas e apela ao encerramento de todas as instalações de detenção não-oficiais na Líbia.

“Para que a lei prevaleça na Líbia, as milícias têm de parar de agir como uma força fora da lei e devem fechar os seus centros de detenção ilegais em todo o país”, defende Hassiba Hadj Sahraoui.

“Todos aqueles que estão atualmente presos devem ser entregues às autoridades centrais para assegurar que recebem o devido escrutínio judicial”.
 

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