6 Julho 2011

 

A Amnistia Internacional afirmou hoje, depois de a polícia ter usado gás lacrimogéneo e ter prendido mais de 300 manifestantes no Domingo, 3 de Julho, que as autoridades bielorrussas devem abster-se de usar força excessiva contra os manifestantes.
 
As redes sociais do Facebook e do Twitter foram também bloqueadas, à medida que milhares de activistas se juntavam na capital, Minsk, e em outras cidades bielorrussas para expressarem o seu descontentamento em relação às políticas económicas levadas a cabo pelo Presidente Alexander Lukashenko.
 
O gás lacrimogéneo foi utilizado contra um grupo de manifestantes na Praça da Estação de Comboios, em Minsk, enquanto noutras partes da cidade a polícia batia nos manifestantes. As detenções foram levadas a cabo por agentes da autoridade à paisana e estes não apresentaram qualquer identificação ou justificação para as detenções. 
 
“A Bielorrússia continua a desrespeitar os Direitos Humanos, mas estas últimas detenções em massa e a utilização do gás lacrimogéneo contra os manifestantes pacíficos mostram que os ataques contra a liberdade de expressão têm estado a intensificar-se”, disse John Dalhuisen, Subdirector da Amnistia Internacional para a Europa e a Ásia Central.
 
“O bloqueio das comunicações, pelas redes sociais, é uma tentativa de acabar com o contacto entre os activistas, sendo esta uma clara violação do direito à liberdade de expressão”, afirma John Dalhuisen.
 
No Domingo, o Presidente Lukashenko apresentou-se em Minsk com um ar desafiador, no desfile militar do Dia da Independência, que comemora o aniversário da libertação da Bielorrússia da ocupação alemã em 1944. O Presidente culpou a intervenção estrangeira pela instabilidade. “Nós percebemos o objectivo destes ataques. É semear a incerteza e a confusão, destruir o consentimento público, e […] anular os esforços feitos para conquistar a independência. Isto nunca irá acontecer”, declarou o presidente.
 
De acordo com o Centro de Direitos Humanos Viasna, entre os mais de 200 manifestantes detidos em Minsk encontram-se 17 jornalistas. Alguns dos jornalistas foram libertados, mas 340 pessoas mantêm-se ainda detidas. Em Minsk estão 160 pessoas, enquanto outras 180 estão em vários centros de detenção do território bielorrusso. A polícia bateu em alguns manifestantes enquanto estavam a ser detidos e, também, quando já estavam dentro das carrinhas da polícia. 
 
Os julgamentos estão neste momento a decorrer e os detidos estão a ser acusados de vandalismo ou de participarem em reuniões não autorizadas, crimes que podem resultar em curtas sentenças administrativas de 10 a 15 dias.
 
“Reprimir os manifestantes pacíficos não resolve as causas profundas das suas queixas, que dizem respeito principalmente à situação económica”, disse John Dalhuisen. “As preocupações com a satisfação dos direitos económicos e sociais não podem ser removidas através da restrição dos direitos civis e políticos. Os manifestantes pacíficos não podem ser detidos, assim como as forças de segurança não devem usar a violência contra eles e, além disso, todos aqueles que estão detidos devem ser libertados imediatamente”, acrescenta John Dalhuisen.
 

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