22 Janeiro 2015

Pela segunda vez, em tantas outras semanas, o comité medico que examinou o blogger saudita Raif Badawi, condenado a dez anos de prisão e mil chicotadas na Arábia Saudita, concluiu que o ativista não está em condições físicas para voltar a ser flagelado.

Raif Badawi iria receber mais 50 vergastadas esta sexta-feira, depois de ter sofrido a primeira série a 9 de janeiro numa praça em frente à mesquita de Al-Jafali, em Jidá, segunda maior cidade da Arábia Saudita. Mas a equipa médica que o observou esta quarta-feira, 21 de janeiro, recomendou, após uma série de exames feitos ao ativista no Hospital Universitário Rei Fahd, que a flagelação não ocorresse, por razões de saúde.

Já na semana passada, a execução de nova ronda de 50 chicotadas fora adiada por recomendação médica.

“Em vez de continuarem a atormentar Raif Badawi, prolongando o seu sofrimento com repetidas avaliações médicas, as autoridades sauditas deveriam anunciar publicamente o fim da sua submissão a flagelação e libertá-lo imediata e incondicionalmente”, insta o vice-diretor do Programa Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional, Said Boumedouha.

O perito frisa ainda que “Raif Badawi continua em risco”. “Não há maneira de saber se as autoridades da Arábia Saudita vão ou não acatar a recomendação dos médicos e suspender de facto ou dar aval a que a flagelação continue”.

A Amnistia Internacional considera que Raif Badawi é um prisioneiro de consciência, cujo único “crime” foi exercer o seu direito de liberdade de expressão, ao manter um site onde era promovido o debate público de ideias e opiniões. E deve, por isso, ser imediatamente e incondicionalmente libertado.

Raif Badawi – um dos casos da campanha global da Maratona de Cartas de 2014 – foi condenado por “blasfémia” no ano passado numa pena de dez anos de prisão, mais mil chicotadas e uma multa de um milhão de riais (cerca de 225 mil euros), por ter criado um fórum de discussão online aberto ao debate, e onde as autoridades dizem ter “insultado o Islão”. As mil chicotadas estavam programadas para serem aplicadas ao longo de 20 semanas.

A Amnistia Internacional tem uma petição ativa a favor da libertação de Raif Badawi, apelando também ao rei saudita para que suspenda prontamente a execução da flagelação do ativista: assine!

 

 

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