11 Agosto 2011

Os líderes mundiais devem agir imediatamente em resposta à crise na Síria, afirmou a Amnistia Internacional, no dia 9 de Agosto, perante relatos que apontam para o aumento do número de mortos para mais de 1600 pessoas, desde o início dos protestos, em Março.
 
O apelo chegou antes de um importante debate do Conselho de Segurança da ONU agendado para o dia 10 de Agosto, no qual o Secretário-Geral Ban Ki-moon deverá entregar um relatório sobre a Síria.
 
Cerca de 53 pessoas foram alegadamente mortas por todo o país desde o dia 6 de Agosto, elevando o número total de fatalidades para mais de 1600 pessoas. Na terça-feira, pelo menos cinco civis foram mortos na cidade de Hama. 
 
“Qualquer examinação honesta da situação horrenda na Síria deve ser mais do que suficiente para persuadir o Conselho de Segurança a encontrar uma resolução juridicamente vinculativa e não apenas uma declaração. Um mero apelo diplomático às autoridades sírias para terminarem a violência contra civis ficará aquém do que a situação exige”, afirmou Malcolm Smart, Director da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África.
 
“As Nações Unidas devem impor um embargo de armas completo à Síria, assim como congelar os activos do Presidente Assad e dos seus associados no exterior”.   
 
Perante a condenação internacional generalizada, o governo sírio enfrenta uma pressão crescente para terminar a repressão dos protestos anti-governo. O ministro do exterior turco encontrou-se com o Presidente Bashar al-Assad em Damasco, no dia 9 de Agosto, numa tentativa de persuadir o líder sírio a pôr fim à violência contra civis.
 
Numa acção rara, o Rei da Arábia Saudita Abdullah fez regressar o embaixador do seu país em Damasco, no dia 8 de Agosto e condenou a repressão brutal dos protestos na Síria, apelando ao fim da “máquina de morte” do exército.
 
A maioria dos países árabes também condenou a violência, deixando a Síria cada vez mais isolada. O Conselho de Cooperação do Golfo, constituído pela Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Oman e Qatar, denunciou o uso excessivo da força contra os manifestantes, enquanto a Liga de Estados Árabes prometeu o uso de “persuasão passo-a-passo” para resolver o conflito.
 
Uma delegação oficial conjunta brasileira, indiana e sul africana deveria chegar a Damasco na terça-feira para instar as autoridades sírias a porem fim à violência. O Kuwait e o Bahrein também chamaram os seus embaixadores em Damasco. 
 
Grande parte das 1600 pessoas mortas são, segundo relatos, manifestantes e habitantes locais mortos a tiro pelas forças de segurança e pelo exército.
 
Centenas de outros indivíduos foram detidos desde que os protestos tiveram início e muitos mantidas em regime de incomunicabilidade em locais desconhecidos. 
 
“Os crimes cometidos pelas forças de segurança sírias aparentam ser parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil e equivale por isso a crimes contra a humanidade”, disse Malcolm Smart.
 
“O Conselho de Segurança da ONU deve também referir a situação na Síria ao Procurador do Tribunal Penal Internacional, assim como fez com o governo da Líbia em Fevereiro, no seguimento da repressão violenta dos protestos no país”, concluiu. 

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