6 Setembro 2012

As autoridades iranianas devem libertar a prisioneira de consciência Zhila Bani-Yaghoub, uma jornalista premiada e ativista dos direitos das mulheres, diz a Amnistia Internacional.

O apelo chegou após Zhila, editora do website Focus on Iranian Women, ter sido convocada à Prisão Evin, a 2 de setembro de 2012, para cumprir uma pena de um ano de prisão.
 
Para além de ter sido presa, foi banida dos media e de atividades jornalísticas por 30 anos devido à condenação por “distribuir propaganda contra o sistema” e “insultar o presidente”.
 
“As autoridades iranianas devem libertar imediata e incondicionalmente Zhila Bani-Yaghoub, prisioneira de consciência detida somente por exercer pacificamente o seu direito à liberdade de expressão, e permitir-lhe retomar a sua profissão”, afirma Ann Harrison, Diretora-adjunta do Programa da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África.
 
“Os jornalistas no Irão deparam-se com inúmeras restrições ao seu trabalho legítimo, que inclui críticas pacíficas às autoridades e reportagens sobre Direitos Humanos. As autoridades iranianas devem diminuir estas restrições ilegais e libertar todos os jornalistas que estão presos somente pelo seu trabalho de jornalismo e de Direitos Humanos”.
 
Zhila Bani-Yaghoub tinha já sido julgada e absolvida de acusações semelhantes em três ocasiões, e em abril de 2011 foi acusada de “ter um blog pessoal sem autorização das autoridades governamentais”.
 
Foi-lhe atribuído o Prémio de Coragem em Jornalismo pela International Women’s Media Foundation em 2009, e, em 2010, o Prémio Liberdade de Expressão pelos Repórteres Sem Fronteiras.
 
O marido de Zhila Bani-Yaghoub, Bahman Ahmadi Amou’i, que era editor do jornal de negócios diário Sarmayeh antes de ter sido preso, foi detido juntamente com a esposa em 2009, pouco depois da controversa vitória presidencial de Mahmoud Ahmadinejad.
 
Zhila foi libertada dois meses mais tarde, mas o seu marido permanece na prisão, onde cumpre uma pena de cinco anos após ter sido condenado por “reunião e conluio com a intenção de causar danos à segurança nacional”, “distribuir propaganda contra o sistema”, “perturbar a segurança pública” e “insultar o presidente”.
 
A 26 de junho de 2012, Bahman Ahmadi Amou’i foi transferido da prisão Evin para a prisão Raja’i Shahr, onde é mantido em “exílio interno”, sem ter tido permissão para visitas da família durante os primeiros 50 dias.
 
A Amnistia Internacional tem repetidamente apelado às autoridades iranianas para libertarem imediatamente outros prisioneiros de consciência, incluindo jornalistas e o ativista político Isa Saharkhiz, detido sem acusação ou julgamento durante mais de um ano antes de ter sido condenado, em setembro de 2010, a três anos de prisão por “insultar a liderança do país” e “propaganda contra o sistema”.
 
Em agosto de 2011, foi condenado a mais dois anos de prisão, relacionados com as suas atividades anteriores como jornalista, o que aumenta a pena para cinco anos de prisão.
 
Isa Saharkhiz encontra-se debilitado e passou os últimos seis meses no hospital.
 
A 28 de agosto de 2012, foi transferido do hospital para a Secção 209 da prisão Evin, que segundo relatos é dirigida pelo Ministério dos Serviços de Inteligência.
 
Deu início a uma greve de fome no mesmo dia, em protesto contra a sua transferência, e parou de tomar a sua medicação a 3 de setembro de 2012.
 

Os jornalistas iranianos enfrentam perseguição

Os jornalistas iranianos que expressem pontos de vista contrários àqueles das autoridades são há muito perseguidos.
 
Dezenas de jornalistas foram perseguidos, detidos e presos nos últimos anos após julgamentos injustos, e muitos dos que foram detidos devido à sua atividade profissional não-violenta, previamente e após a contestada eleição de junho de 2009 continuam na prisão, frequentemente mantidos em más condições.
 
Muitos encontram-se de fraca saúde, como por exemplo o prisioneiro de consciência Mohammad Sadiq Kaboudvand, jornalista e membro da minoria curda, que cumpre uma pena de dez anos e meio de prisão pelas suas atividades jornalísticas pacíficas.
 
Alguns dos que foram libertados continuam sob pressão, tendo sido forçados a pagar elevadas fianças para assegurar a sua libertação. 
 
As famílias dos detidos foram também perseguidas ou temporariamente detidas.
 

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