Tudo o que Yren e Mariana querem fazer é viver as suas vidas em total liberdade e ocupando o tempo com atividades de que gostam, tal como jogar voleibol, dançar e ir ao teatro. Contudo, como mulheres trans, Yren e Mariana estão ocupadas com uma outra coisa: a defenderem-se contra a discriminação de que são alvo. Já foram vítimas de bullying, já foram atacadas fisicamente e já foram proibidas de falar sobre assuntos que as afetam no seu dia-a-dia.
No Paraguai, as pessoas trans não podem legalmente mudar os seus nomes ou obterem documentos de identificação que correspondam à sua identidade de género, entre outras práticas discriminatórias. Isto significa que há estudantes que não podem obter os seus diplomas e certificados de educação com o nome com o qual se identificam, o que faz com que a procura de emprego também possa ser mais difícil. Esta desigualdade motivou Yren e Mariana a tornarem-se ativistas em defesa da liberdade, justiça e da igualdade no Paraguai.
Mas não é fácil para as pessoas trans manifestarem-se no Paraguai. O país é muito conservador e as pessoas trans, e a comunidade LGBTI no geral, são tratadas de forma muito injusta, tornando-as quase invisíveis. Além disso, é comum as manifestações de defensores dos direitos das pessoas trans serem proibidos e, em alguns casos, já se verificaram ataques aos manifestantes.
Ao longo dos anos, Mariana e Yren têm atuado, de forma incansável, para conseguirem mudar os seus nomes. Se conseguirem os documentos de identidade que correspondem a quem são verdadeiramente, significaria que o Estado começou a reconhecer a sua existência enquanto mulheres trans. É essa a esperança.
Vim a este mundo para mostrar quem sou, não para que me digam quem querem que eu seja.
Yren
Chegou o momento das autoridades paraguaias reconhecerem legalmente a identidade das pessoas trans para que estas possam finalmente usufruir de todos os seus direitos.
Por isso, em defesa da justiça, liberdade e igualdade, assine este apelo dirigido ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Luis Maria Benitez Riera.
Todas as assinaturas serão enviadas pela Amnistia Internacional.
Texto da carta a enviar
Excelência,
Apelo a que garanta todos os meios que permitam o reconhecimento legal das identidades de Yren Rotela e Mariana Sepúlveda, duas mulheres transgénero. Negar-lhes o seu direito a mudarem legalmente os seus nomes e a obterem os seus documentos de identidade é discriminatório. Estas ações impactam o seu acesso a educação, emprego, habitação, cuidados de saúde e expõe ambas a violência, assédio e estigma.
No Paraguai, é comum as pessoas trans que são ativistas serem silenciadas e as suas manifestações serem proibidas ou atacadas. Apelo a que garanta a existência de um quadro legal que ponha fim a esta prática discriminatória. Sem o reconhecimento legal do género, a capacidade de uma pessoa trans em viver com dignidade, igualdade, segurança e com os mesmos direitos e proteções que são dados a outros elementos da sociedade, está seriamente em risco.
Atentamente,
Letter content
Your Excellency,
I call on you to guarantee all means to legally recognize the identities of Yren Rotela and Mariana Sepúlveda, two transgender women. Denying them the right to legally change their names and obtain identity documents matching their gender identity is discriminatory. It impacts their ability to gain equal education, employment, housing, healthcare, and further exposes them to violence, harassment and stigma.
In Paraguay, trans activists are silenced and their protests are often banned or attacked. I call on you to guarantee legal frameworks to end this discriminatory practice. Without legal gender recognition, a transgender person’s ability to live in dignity, equality and security, and with the rights and protections afforded to other members of society, is severely compromised.
Yours sincerely,