19 Agosto 2011

 

A Amnistia Internacional apela às autoridades do Reino Unido para que parem o desalojamento que têm planeado e que poderá deixar 86 famílias de viajantes irlandeses sem casa e sem alojamento alternativo adequado.
 
As autoridades locais de Essex, a leste de Londres, notificaram as famílias que vivem na Quinta Dale para abandonarem o local até 31 de Agosto e afirmam cortar a água e o fornecimento de electricidade na sequência do desalojamento.
 
“Mais de 400 pessoas podem perder a sua casa em resultado do desalojamento forçado que exige que abandonem os seus terrenos sem, no entanto, terem um local autorizado para o qual possam levar as suas caravanas”, afirmou Jezerca Tigani, Subdirectora do Programa da Amnistia Internacional para a Europa e Ásia Central. 
 
“As autoridades devem assegurar que as suas acções não infringem o direito internacional. Ao invés disso, devem falar com os moradores da Quinta Dale para negociarem uma solução.”
 
O aviso de desalojamento aplica-se a terrenos na Quinta Dale que a autoridade local, Conselho de Basildon, afirma terem sido “desenvolvidos sem autorização”. Apesar da terra pertencer a famílias romenas e ciganas também viajantes, as famílias irlandesas viram-lhes ser repetidamente negada a autorização para construírem propriedades residenciais no terreno, devido a restrições locais.  
 
O desalojamento planeado deixaria os moradores da Quinta Dale sem acomodação alternativa culturalmente adequada e sem acesso a serviços essenciais, tais como tratamento médico contínuo para moradores com doenças graves e educação escolar para cerca de 110 crianças que ali vivem.
 
Foi oferecido alojamento de ‘cimento e tijolo’ a alguns moradores, mas muitos não o querem e o Conselho não ofereceu alternativas a todos os habitantes da Quinta Dale, nem opções que vão de encontro às suas necessidades culturais. Em muitos casos os moradores receiam ficar sem casa.
 
Muitos viajantes na Quinta Dale expressaram também preocupação sobre a discriminação generalizada contra a sua comunidade e receiam não conseguir encontrar uma casa que considerem culturalmente adequada sem negociar um acordo. 
 
“Negociar um acordo é crucial e as autoridades locais devem trabalhar com as pessoas que vivem na Quinta Dale para o atingirem. Isto implica realizar uma consulta genuína de forma a que seja possibilitada a inserção dos viajantes ao invés de um mero exercício de preenchimento de formulários e no caso de não se poder evitar o desalojamento, assegurar alojamento alternativo que permita aos viajantes irlandeses expressarem a sua identidade cultural”, afirmou Jezerca Tigani.
 
Informação de Contexto
Os viajantes irlandeses são um grupo étnico original da Irlanda, reconhecido e protegido como um grupo étnico pela lei inglesa. Muitos viajantes irlandeses vivem em caravanas, em acampamentos não autorizados ou em locais não autorizados. Os viajantes irlandeses, juntamente com outros viajantes romenos e ciganos no Reino Unido, enfrentam discriminação generalizada e obstáculos significativos em conseguir alojamento, educação e serviços de saúde. 
 
A Quinta Dale, localizada em terras que pertencem a alguns viajantes, famílias romenas e ciganas, é o maior alojamento de viajantes do Reino Unido. Parte da Quinta de Dale teve permissão para uso residencial. Contudo, a parte da quinta onde mais de 400 viajantes irlandeses enfrentam desalojamento forçado viu ser-lhe repetidamente negada a permissão para uso residencial com base nas restrições locais. 

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