14 Julho 2023

 

  • Reportagem “Traficantes de Sonhos” dos jornalistas Tomás Guerreiro e Simão Freitas pormenoriza a realidade portuguesa do tráfico de seres humanos no futebol
  • Nova publicação aborda o racismo e discriminação sobre os jogadores e jogadoras em Portugal
  • As restrições à prática de desporto para as mulheres afegãs e o desporto como ferramenta de esperança na Ucrânia

A Amnistia Internacional Portugal lançou, esta quinta-feira, a 3ª edição da revista Humanista, dedicada à temática desportiva e à forma como o desporto se pode aliar e jogar lado a lado com os direitos humanos. A nova publicação é um olhar profundo sobre as formas de violência e as violações de direitos humanos que perduram no desporto, as restrições que ainda o condicionam em tantos países, num fio condutor que evidencia a indiscutível relação entre a prática desportiva e os direitos humanos.

 

A capa da 3ª edição da revista Humanista protagonizada pela jogadora de futebol Jéssica Silva. Fotografia de Maria João Gala.

 

A reportagem “Traficantes de Sonhos”, dos jornalistas Tomás Guerreiro e Simão Freitas e fotografia de Paulo Pimenta, mergulha “no submundo do tráfico de seres humanos”, numa peça detalhada para a qual foram analisados diversos casos de tráfico de seres humanos dentro do mundo do futebol e entrevistadas dezenas de instituições nacionais e internacionais. Uma das conclusões inegáveis continua a ser a “falta de responsabilidade coletiva perante aqueles que deviam receber proteção”, mas cujos sonhos por uma carreira têm vindo a ser, repetidamente, explorados. Em Portugal, há quase 300 vítimas sinalizadas em cinco anos, e as vítimas das redes de tráfico continuam a crescer.

De Serpa a Ribeirão, da Nazaré a Riba de Ave, esta reportagem traz os casos e os testemunhos de quem veio atrás de um sonho que foi destruído com a onda subsequente de exploração a que foi sujeito. Além disso, apresenta informação sobre a atividade do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) acerca dos inquéritos realizados e propostas de acusação remetidas ao Ministério Público, integrando também declarações de Joaquim Evangelista, do Sindicato de Jogadores de Futebol, Manuel Albano, vice-presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) e Relator Nacional para o Tráfico de Seres Humanos, entre outros.

 

Fotografia de Mário Cruz para o portefólio “Academia do Johnson

 

Também em âmbito nacional, a reportagem “O silêncio também é racismo”, da jornalista  Sara Dias Oliveira e com fotografia de Maria João Gala, inclui os testemunhos da jogadora de futebol Jéssica Silva, dos jogadores de futsal Daniel Ramos e Vitão, e do basquetebolista Ivan Almeida, e evidencia como as palavras podem atacar e o silêncio contribuir para a normalização do racismo no desporto.

Além fronteiras, a Humanista destaca a prática desportiva na Ucrânia, que se tem revelado um “antídoto precioso” numa época marcada pela guerra, mas também pela vontade de que a antiga normalidade possa ressurgir, ainda que sob novas condições. A reportagem exclusiva de André Luís Alves passa por várias cidades ucranianas atacadas pelas forças russas, trazendo histórias inspiradoras de quem lá permanece e usa o desporto como ferramenta de esperança, companheirismo e sobrevivência. Por outro lado, no Afeganistão, a reportagem fotográfica do fotojornalista Ebrahim Noroozi, da agência Associated Press, destaca  como os talibãs têm continuamente afirmado que a prática desportiva não se coaduna com o papel da mulher na sociedade, relegando o desporto feminino a um passado do qual já foram eliminados muitos direitos e liberdades das mulheres e raparigas.

 

Fotografia de André Luís Alves para a reportagem “Mente sã, corpo são. Em tempos de guerra.”

 

A fotógrafa Forough Alaei apresenta o seu trabalho Crying for Freedom sobre as restrições à entrada de mulheres nos estádios de futebol no Irão, que lhe valeu o prémio World Press Photo de 2019 na categoria de desporto. Esta edição conta ainda com as crónicas do jogador Ricardo José Vaz Alves Monteiro – conhecido como Tarantini – que nos revela que “os sonhos são como as bolas de sabão”, da bodyboarder Joana Schenker, do ator Albano Jerónimo, da atleta paralímpica de Boccia Carla Oliveira que nos mostra que “o caminho faz-se deslizando”, do futebolista profissional Francisco Geraldes, e de Luís Pedro Nunes na sua habitual rubrica “Sem Saco”.

 

Fotografia de Forough Alaei para o seu trabalho Crying for Freedom

 

A nova revista Humanista integra igualmente a reportagem de Catarina Pires com fotografia de Reinaldo Rodrigues sobre o desporto adaptado e as barreiras que ainda enfrenta em Portugal, a entrevista de João Céu e Silva ao coordenador do Plano Nacional de Ética no Desporto –  José Carlos Lima, o trabalho do jornalista José Pedro Gomes com fotografia de Miguel Pereira no “lado mais puro do desporto”, a entrevista a Tiago Carrasco a Mario Ferri – o italiano que invadiu o jogo entre Portugal e Uruguai no Mundial de Futebol do Catar com uma bandeira LGBTQI+ e mensagens pela Ucrânia e pelas mulheres no Irão – e a peça “O futebol rebelde com causa” de Luís Freitas Lobo. Os ilustradores André Carrilho, Nuno Saraiva, João Fazenda, Susana Carvalhinhos, Pedro Lourenço e Daniel Garcia colaboram também nesta 3ª edição.

 

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