10 Fevereiro 2023

Partilhar conhecimento de direitos humanos, trocar ideias e fortalecer o trabalho em rede é a missão de cerca de 60 jovens e dez professores no Encontro anual das Escolas Amigas dos Direitos Humanos, que se realiza este fim de semana em Paços de Ferreira. Com a coordenação da equipa de Juventude e Educação para os Direitos Humanos da Amnistia Internacional – Portugal e apoio de diversos voluntários, este evento promove a aprendizagem, o trabalho conjunto e a ação para os direitos humanos em ambiente escolar.

O projeto das Escolas Amigas dos Direitos Humanos engloba dez escolas por todo o país, das quais nove estarão presentes no encontro deste ano. Esta reunião anual surge da necessidade das várias escolas e dos seus alunos se conhecerem para construírem trabalho em conjunto e dinamizarem temáticas específicas de direitos humanos nos seus espaços escolares.

Nos últimos anos, tem sido definida uma ação comum – também apelidada de desafio das Escolas Amigas dos Direitos Humanos – onde os alunos, com a ajuda da equipa da Amnistia Internacional – Portugal, definem o tema a abordar e as formas de o desenvolverem. As temáticas escolhidas ligam-se diretamente ao trabalho da organização e das suas campanhas. Previamente, foram já exploradas questões de direitos humanos referentes à discriminação, à pandemia da COVID-19 e também relacionadas com refugiados e migrantes (no âmbito da campanha Eu Acolho) e com defensores dos direitos humanos (no âmbito da campanha Brave).

Dos testemunhos partilhados às sessões, dos grupos de trabalho aos jogos na companhia uns dos outros, este encontro tem marcado o percurso de vários alunos, muitos dos quais acabam por voltar. Quem participa pela primeira vez, espera dias completos em aprendizagem e diversão.

“Os encontros para mim são uma forma de sair da minha zona de conforto e interagir com imensas pessoas com o mesmo interesse e objetivo, os direitos humanos! […] E o melhor de tudo e que aprendemos de forma divertida!”, refere Rodrigo Leitão do Agrupamento de escolas de Moimenta da Beira, que irá participar uma segunda vez no Encontro.

“Decidi inscrever-me, porque gosto de aprender coisas novas, ter novas experiências, ainda por cima quando se fala de direitos humanos. Partilhar opiniões, defender os direitos humanos e da terra, para mim é um orgulho participar nestes eventos”, realça Ali Baldé do Agrupamento de escolas de Santo António, que participará pela primeira vez.

Por outro lado, após várias participações, há ainda casos de jovens que procuram manter o seu envolvimento e percurso junto da Amnistia Internacional, regressando ao Encontro enquanto voluntários:

“Foram três anos a participar nestes encontros, a ouvir testemunhos em primeira mão, a realizar ações de sensibilização na minha escola secundária e a crescer enquanto ativista. Quando terminei o ensino secundário senti que ainda podia fazer mais, que devia fazer mais. […] Ao longo destes 7 anos com a Amnistia Internacional aprendi e continuo a aprender imenso a cada encontro que faço, com cada pessoa que encontro, com cada conversa que tenho, com cada sessão que ouço e cada sessão que facilito […] A educação para e pelos direitos humanos é essencial, especialmente numa sociedade onde estes ainda não se encontram assegurados e garantidos a toda a gente”, explica Bruna Costa, antiga aluna da escola Básica e Secundária de Levante da Maia, que integra a equipa do encontro deste ano.

“Foram três anos a participar nestes encontros, a ouvir testemunhos em primeira mão, a realizar ações de sensibilização na minha escola secundária e a crescer enquanto ativista”

Bruna Costa

Levar os direitos humanos até às escolas continua uma prioridade da Amnistia Internacional – Portugal. Através do trabalho da área de Juventude e Educação para os Direitos Humanos, a organização tem procurado que os jovens questionem o mundo que os rodeia, se interroguem quanto aos atuais desafios que o planeta e as diferentes comunidades enfrentam, compreendam os direitos humanos inerentes a qualquer pessoa e, após estes passos, atuem para a sua defesa na escola, junto da sua família, no seu dia-a-dia.

“O importante é que os estudantes consigam perceber o contributo que podem ter na defesa dos direitos humanos. À sua perspetiva crítica sobre o que acontece no mundo, como a crise climática, os conflitos em vários países, os movimentos migratórios, a discriminação, o racismo e a pobreza, pretendemos juntar a necessidade de agir para a mudança, contribuindo para a aprendizagem sobre, para e através dos direitos humanos que será a base do seu ativismo”, conclui Matia Losego, diretor de Juventude e Educação para os Direitos Humanos da Amnistia Internacional Portugal.

“À sua perspetiva crítica sobre o que acontece no mundo, como a crise climática, os conflitos em vários países, os movimentos migratórios, a discriminação, o racismo e a pobreza, pretendemos juntar a necessidade de agir para a mudança, contribuindo para a aprendizagem sobre, para e através dos direitos humanos que será a base do seu ativismo”

Matia Losego

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