13 Agosto 2017

Quase 70 mil pessoas pelo mundo inteiro exortam o Presidente chinês, Xi Jinping, a anular todas as restrições e pôr fim à perseguição contra Liu Xia, um mês passado desde a morte do marido da poetisa e artista, o prémio Nobel da Paz Liu Xiaobo.

Liu Xia está desaparecida desde a cerimónia funerária e lançamento das cinzas ao mar de Xiaobo, realizada a 15 de julho passado e muito apressadamente organizada pelas autoridades da China. O Nobel da Paz, prisioneiro de consciência e defensor dos direitos humanos morrera dois dias antes, sob custódia das autoridades.

Numa carta aberta dirigida ao Presidente chinês, quase 70 mil pessoas – das quais, 748 em Portugal – instam as autoridades do país a porem fim a todas as restrições arbitrárias sob as quais Liu Xia tem sido mantida há anos e a garantirem que ela poderá viajar livremente.

“Liu Xia está a ser cruelmente punida por nunca ter desistido de se insurgir contra o injusto encarceramento do marido”, avalia a diretora de Campanhas da Amnistia Internacional para a região da Ásia Oriental, Lisa Tassi.

A perita frisa que “a perda imensa de Liu Xia está a ser intensificada de forma indigna pela tentativa ilegal e vingativa das autoridades da China em silenciá-la”. “A nossa mensagem para o Presidente é clara: ponham fim à perseguição e libertem imediatamente Liu Xia”, insta.

Liu Xia está em detenção domiciliária ilegal desde que Liu Xiaobo foi galardoado com o prémio Nobel da Paz em 2010. Depois do funeral do marido, a poetisa foi levada para Yunnan, no Sudoeste da China, e daí para Pequim, onde reside. E atualmente o seu paradeiro é desconhecido.

A poetisa sofre de stress psicológico, ansiedade e depressão profunda em resultado do tratamento que tem tido às mãos das autoridades.

Desde a morte de Liu Xiaobo, as autoridades têm vindo a deter ou intimidar ativistas que realizaram eventos a honrar o defensor de direitos humanos. Seis ativistas foram detidos e enfrentam acusações criminais sob suspeita de “reunirem uma multidão para perturbar a ordem social” depois de terem organizado uma cerimónia junto ao mar, na província de Guangdong, no Sudeste da China.

“Todas as pessoas detidas por exercerem legitimamente a liberdade de expressão têm de ser libertas imediata e incondicionalmente”, exorta também Lisa Tassi.

A diretora de Campanhas da Amnistia Internacional para a região da Ásia Oriental sublinha ainda que “quaisquer que sejam as táticas deploráveis tentadas [pelas autoridades], não conseguirão apagar o legado de Liu Xiaobo”. “Graças a ele, milhões de pessoas na China e pelo mundo inteiro foram inspiradas a defender a liberdade e a justiça face à opressão”.

Liu Xiaobo foi co-autor da conhecida Carta 08 que apelava a reformas políticas na China. Tudo o que ele fez foi exercer os seus direitos humanos. Mas, por isso, acabou condenado a 11 anos de prisão, em dezembro de 2009, por “incitamento à subversão do poder do Estado”.

O Nobel da Paz morreu de cancro no fígado, sob custódia das autoridades chinesas, que se recusaram a permitir-lhe, conforme era seu desejo e da família, viajar para fora da China para receber tratamento médico. Liu Xiaobo foi reconhecido como prisioneiro de consciência pela Amnistia Internacional.

  • 10 milhões

    Existem cerca de 10 milhões de pessoas presas no mundo inteiro, em qualquer momento.
  • 3,2 milhões

    Estima-se que 3,2 milhões de pessoas que se encontram na prisão ainda aguardem julgamento.

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