19 Outubro 2023

 

  • A morte de Mahsa Amini inspirou uma onda de solidariedade, com manifestações por todo o Irão e ao redor do mundo
  • Amnistia Internacional recorda que o panorama de repressão e impunidade prevalece no Irão

O Parlamento Europeu atribuiu, esta quinta-feira, um prémio que distingue a defesa dos Direitos Humanos a Mahsa Amini e ao Movimento “Mulher, Vida, Liberdade” do Irão. Mahsa Amini tinha apenas 22 anos quando morreu às mãos da “Polícia da Moralidade” iraniana. Foi detida sob acusações de usar inadequadamente o hijab (véu islâmico) que lhe deixava à mostra uma pequena mecha de cabelo. Acabou por ser violentamente agredida em custódia policial e levada, em coma, para o hospital, onde faleceu três dias mais tarde.

A morte de Mahsa Amini inspirou uma onda de solidariedade, com manifestações por todo o Irão e ao redor do mundo. Juntaram-se milhares de pessoas em sua homenagem, num apelo pelo fim da repressão e da desigualdade em solo iraniano, incluindo as leis discriminatórias e obrigatórias do uso do véu. Desde o seu falecimento, as autoridades iranianas têm vindo a reprimir violentamente manifestações – com recurso a munições reais -, atuando com impunidade em milhares de detenções ilegais e julgamentos fraudulentos com condenações a pena de morte, que é atualmente usada como ferramenta de silenciamento.

A morte de Mahsa Amini inspirou uma onda de solidariedade, com manifestações por todo o Irão e ao redor do mundo

Dentro do seu objetivo de silenciar a todo o custo as vozes dissidentes, também os familiares das vítimas têm sido visados, enfrentando detenção arbitrária, intimidação e assédio pelas forças de segurança. Numa investigação de agosto de 2023, a Amnistia Internacional alertou ainda que as autoridades iranianas tinham imposto restrições cruéis a reuniões pacíficas nos locais das sepulturas e destruído as lápides das vítimas.

“A repressão com impunidade por parte das autoridades iranianas prevalece. Além da violência na forma de atuação para com pessoas que se manifestam de forma pacífica, as forças de segurança têm agravado o sofrimento das famílias das vítimas, impedindo-as de exigir justiça, verdade e reparação e até de deixarem flores nas campas dos seus entes queridos”, sublinha Pedro A. Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal.

“as forças de segurança têm agravado o sofrimento das famílias das vítimas, impedindo-as de exigir justiça, verdade e reparação e até de deixarem flores nas campas dos seus entes queridos”

Pedro A. Neto

Campas de civis iranianos vandalizadas pelas forças de segurança

 

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