22 Agosto 2019

O secretário-geral da Amnistia Internacional, Kumi Naidoo, aponta o dedo ao governo brasileiro pela incapacidade de colocar um ponto final na tragédia que está a afetar a Amazónia. Há mais de duas semanas, vários incêndios florestais estão a consumir partes do maior pulmão verde do planeta, com impactos ainda por calcular.

“A política desastrosa de abrir a floresta à destruição tem de parar, pois deu espaço à crise atual”

Kumi Naidoo, secretário-geral da Amnistia Internacional

“A responsabilidade de acabar com os incêndios florestais registados na Amazónia, há várias semanas, passa apenas pelo presidente Bolsonaro e o seu governo. A política desastrosa de abrir a floresta à destruição tem de parar, pois deu espaço à crise atual”, afirma Kumi Naidoo.

A Amnistia Internacional documentou, este ano, invasões ilegais de terras e ataques em territórios indígenas na Amazónia. O estado de Rondônia, uma das zonas que visitámos, está a ser assolado por incêndios.

“A desflorestação nos territórios visitados duplicou, este ano, face ao mesmo período de 2018 devido a invasores ilegais que estão a derrubar árvores, atear incêndios e atacar as comunidades indígenas que ali vivem”, nota o secretário-geral da Amnistia Internacional.

“Em vez de espalhar calúnias absurdas ou negar a escala da desflorestação, pedimos ao presidente que tome medidas imediatas para deter o progresso destes incêndios”

Kumi Naidoo, secretário-geral da Amnistia Internacional

Apesar de o iminente risco ambiental e social, “o presidente Bolsonaro tem procurado, deliberadamente, enfraquecer a proteção da floresta tropical e minar os direitos de um milhão de indígenas”. Kumi Naidoo lembra ainda as recentes declarações do chefe de Estado brasileiro, que responsabilizou as organizações não-governamentais pelos incêndios.

“Em vez de espalhar calúnias absurdas ou negar a escala da desflorestação, pedimos ao presidente que tome medidas imediatas para deter o progresso destes incêndios. Isso é essencial para proteger o direito das pessoas a um ambiente saudável, bem como à saúde, devido ao impacto que têm sobre a qualidade do ar, em várias áreas do Brasil e dos países vizinhos”, defende o responsável.

Apelo renovado ao ativismo

Com a principal mancha verde do mundo a arder, Kumi Naidoo não tem dúvidas de que a hora é do ativismo. “Para quem está a tentar perceber de que forma pode proteger a Amazónia, é fundamental defender os direitos humanos dos povos indígenas para evitar mais desflorestação”, afirma.

“Devemos estar unidos, apoiando as comunidades e os líderes indígenas de toda a região amazónica – do Brasil ao Equador e não só. Para eles, a Amazónia é mais do que o pulmão do mundo, é a sua casa”, conclui o secretário-geral da Amnistia Internacional.

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