20 Novembro 2023

A Amnistia Internacional Portugal apresentou o maior evento anual de ativismo em todo o mundo, a Maratona de Cartas, em Aveiro, no passado dia 18 de novembro (no Complexo Desportivo da Associação Desportiva da Taboeira). Todos os anos, a Maratona de Cartas dá a conhecer casos de pessoas que, pela sua atividade pacífica em prol dos direitos humanos e justiça, acabaram por ser perseguidas, ameaçadas, torturadas ou presas injustamente. Qualquer pessoa pode assinar petições pela defesa de cada uma destas pessoas e escrever mensagens de solidariedade que lhes serão entregues a si ou à sua família, relembrando-as de que não estão sozinhas.

A Maratona de Cartas mobiliza, a cada ano, milhões de pessoas. Em Aveiro, a Amnistia Internacional Portugal desafiou a população aveirense a fazer a diferença com a sua assinatura.

“Fazer parte da Maratona de Cartas é agir através do ativismo e da solidariedade. Algo como uma assinatura ou uma mensagem, que parecem ser tão simples, pode ter um impacto valioso na vida de alguém que vê, neste momento, a injustiça ganhar espaço na sua vida. É para que estas pessoas possam ter esperança e ver os seus direitos humanos plenamente respeitados que desafiamos as pessoas de Aveiro, e de todo o país, a participar neste evento. Juntos, chegaremos mesmo mais longe”, Ana Teresa Santos.

“Algo como uma assinatura ou uma mensagem, que parecem ser tão simples, pode ter um impacto valioso na vida de alguém que vê, neste momento, a injustiça ganhar espaço na sua vida”

Ana Teresa Santos

 

Este ano, a Amnistia Internacional Portugal apresenta os seguintes cinco casos:

Uncle Pabai e Uncle Paul – Dois líderes comunitários das ilhas Boigu e Saibai no Estreito de Torres, a parte mais a norte da Austrália que recorreram aos tribunais para para contestar a ação absolutamente inadequada do governo australiano em matéria de alterações climáticas. O seu objetivo é proteger as suas comunidades do efeito das alterações climáticas, que pode conduzir à destruição das suas terras e cultura.

Thapelo Mohapi – Tem dedicado a sua vida a lutar pelos direitos das pessoas em toda a África do Sul, particularmente em áreas que estão a sofrer dificuldades económicas, sendo o secretário- geral do Abahlali baseMjondolo (AbM), um corajoso movimento de base comunitária. Os membros do AbM, determinados a melhorar as condições económicas da sua comunidade, insurgiram-se contra casos de corrupção no governo local. São, frequentemente, vítimas de assassinatos, violência, assédio e danos às suas casas, motivo pelo qual, desde 2021, Thapelo é forçado a viver escondido.

Maung Sawyeddollah – Jovem refugiado rohingya que teve de fugir da limpeza étnica perpetrada pelas forças militares do Myanmar. Com a sua família, Maung Sawyeddollah caminhou durante 15 dias até ao campo de refugiados Cox’s Bazar, no Bangladesh, onde ainda vive. Maung quer ser advogado e apela a que a Meta, empresa que detém o Facebook, assuma a responsabilidade pela sua contribuição para as atrocidades em Myanmar, já que os algoritmos da Meta amplificaram o incitamento anti-Rohingya no Facebook, “alimentando” a violência das forças militares do Myanmar.

Ana Maria Santos Cruz – Mãe de Pedro Henrique, defensor de direitos humanos brasileiro que foi morto, aos 31 anos, pela sua ação em prol da justiça racial. Os polícias suspeitos pelo assassinato de Pedro foram indiciados em 2019 mas, quase cinco anos depois, ainda estão em funções na polícia. A investigação do assassinato ainda não foi concluída e o julgamento ainda não começou. É por essa razão que Ana Maria tem apelado continuamente às autoridades para que realizem uma investigação e um julgamento meticuloso, apesar das ameaças contínuas que tem recebido.

Ahmed Mansoor – Poeta, blogger e defensor dos direitos humanos nos Emirados Árabes Unidos (EAU), que está preso em Abu Dhabi. Ahmed era uma das poucas vozes nos EAU que transmitia informação credível e independente sobre as violações de direitos humanos perpetradas no país. Levantava regularmente preocupações sobre a detenção, tortura e julgamentos injustos das vozes dissidentes nos EAU. Atualmente, passa os seus dias numa cela em isolamento, sem acesso a uma cama, livros, papéis ou canetas, sendo autorizado a sair da cela apenas três vezes por semana.

Apresentação dos casos da Maratona de Cartas no Complexo Desportivo da Associação Desportiva da Taboeira, em Aveiro

 

Desde 2001, a Amnistia Internacional tem construído um legado de vitórias de direitos humanos através deste evento, contribuindo para leis mais justas, para a libertação de pessoas injustamente presas, para a defesa ambiental e para a consciencialização e proteção dos direitos humanos. Em 2022, foram registadas, pelo menos, 5.320.261 ações em defesa dos direitos humanos em todo o mundo. Em Portugal foram recolhidas 111.199 assinaturas e 2.929 mensagens de solidariedade no ano passado.

A solidariedade que traz vida à Maratona de Cartas tem contribuído para inúmeros casos de sucesso, como os de Bernardo Caal Xol, o de Moses Akatugba, o de Germain Rukuki, o de Paing Phyo Min, o do Grupo de Solidariedade LGBTI+ da Universidade Técnica do Médio Oriente, entre outros.

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