15 Setembro 2023

No Dia Internacional da Democracia, a Amnistia Internacional apela a que o Presidente João Lourenço cumpra as promessas feitas no seu discurso de investidura do segundo mandato, a 15 de setembro de 2022. A organização insta ainda as autoridades angolanas para que terminem com o uso de força excessiva, desproporcionada e letal, por forma a garantir que os direitos à liberdade de expressão e de reunião pacíficados manifestantes são respeitados em pleno.

Ao longo dos últimos anos, a Amnistia Internacional documentou um padrão preocupante de detenções arbitrárias, intimidação e assédio, perpetrado pelas autoridades angolanas contra os cidadãos que se atreveram a denunciar violações de direitos humanos, corrupção e injustiça no país. Por ser evidente que é um tipo de atuação que viola e as normas internacionais de direitos humanos, é urgente que a comunidade internacional se mantenha vigilante, reiterando o seu compromisso na monitorização dos direitos humanos no país.

Ao longo dos últimos anos, a Amnistia Internacional documentou um padrão preocupante de detenções arbitrárias, intimidação e assédio, perpetrado pelas autoridades angolanas

João Lourenço afirmou, no discurso de investidura, que “os competentes órgãos de Justiça” iriam “prosseguir com o seu trabalho de prevenção e combate contra a corrupção e a impunidade que ainda prevalece”. No entanto, a realidade tem-se mostrado bem distante deste compromisso. Um dos exemplos marcantes deste ano foi quando, a 5 de junho, numa manifestação de taxistas contra os elevados preços dos combustíveis, cinco pessoas foram mortas e outras oito ficaram feridas, sendo que 34 pessoas acabaram detidas pelas forças de segurança apenas por exercerem o seu direito à reunião pacífica.

Esta é, contudo, uma realidade presente em território angolano há vários anos. Em 2020, com o aprofundar da crise social e económica, e o consequente impacto negativo nos meios de subsistência dos angolanos, o descontentamento popular aumentou e levou a população às ruas para se manifestar contra as promessas não cumpridas do governo, a fome a pobreza. Nesta altura, já João Lourenço governava o país no seu primeiro mandato. A resposta escolhida pelas autoridades foi a violência.

Neste discurso de investidura, João Lourenço referiu também querer ser “o Presidente de todos os angolanos e governar em prol do desenvolvimento económico e social do país”, tendo assegurado que “particular atenção [fosse] prestada ao sector social no que concerne ao bem-estar das populações”. O retrato atual de Angola mostra um país desconectado com esta promessa.

Para as famílias que perderam os seus entes queridos às mãos da violência policial, a sua situação está longe do “bem-estar” que João Lourenço considerou uma prioridade. Fazem falta investigações exaustivas, independentes e imparciais das violações dos direitos humanos cometidas, capazes de trazer à justiça os responsáveis pelos assassinatos e ferimentos de manifestantes pacíficos e pessoas inocentes. São ainda necessários e urgentes métodos de indeminização adequada para as famílias.

A Amnistia Internacional Portugal recorda que os apelos para o fim da violência policial e para o respeito pela liberdade de expressão têm marcado a sua agenda. No passado dia 11 de julho, a organização realizou uma vigília junto à Embaixada de Angola em Lisboa, pedindo justiça para as vítimas mortais das forças de segurança durante as manifestações no país. Nessa ocasião, Pedro A. Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal, relembrou que “é preciso que Angola se possa cumprir de facto, é da faísca do confronto de ideias que pode nascer um país melhor”.

“É da faísca do confronto de ideias que pode nascer um país melhor”

Pedro A. Neto

Agir Agora

Justiça para as vítimas das forças de segurança durante as manifestações

Justiça para as vítimas das forças de segurança durante as manifestações

O direito à liberdade de expressão e reunião pacífica estão seriamente ameaçados em Angola.

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