(artigo atualizado a 10 de julho)
A detenção da diretora executiva da Amnistia Internacional Turquia, Idil Eser, esta quarta-feira, 5 de julho, assim como de outros sete defensores de direitos humanos e de dois peritos em segurança e informação digital durante um workshop que decorria em Büyükada, na província de Istambul, é um “grotesco abuso de poder”, avalia o secretário-geral da organização de direitos humanos, Salil Shetty.
“Estamos profundamente perturbados e indignados que renomados defensores de direitos humanos, incluindo a diretora da Amnistia Internacional Turquia, tenham sido detidos tão flagrantemente sem causa”, frisa.
Estas detenções ocorrem menos de um mês desde que o presidente da Direção da Amnistia Internacional Turquia, Taner Kiliç, foi posto em prisão preventiva com base em acusações infundadas.
O Parlamento português, em sessão plenária de 7 de julho de 2017, aprovou por unanimidade uma declaração em que é expressa preocupação pelas detenções de Taner Kiliç, Idil Eser e os outros defensores de direitos humanos na Turquia.
A detenção em regime de incomunicabilidade de Idil Eser e dos outros defensores de direitos humanos, quando participavam num evento de rotina de treino e aprendizagem, “constitui um grotesco abuso de poder e mostra com toda a clareza a situação precária em que se encontram os ativistas de direitos humanos no país”, avalia Salil Shetty. “Idil Eser e todos os demais detidos com ela têm de ser imediata e incondicionalmente libertos”, exorta o secretário-geral da Amnistia Internacional.
Salil Shetty sublinha ainda que “os líderes mundiais, a reunirem-se em Hamburgo [na cimeira do G20], têm vindo a mostrar-se extremamente tolerantes com o colapso de direitos humanos na Turquia”. “E agora, com o Presidente [da Turquia, Recep Tayyip] Erdogan entre eles, este seria um bom momento para falarem de forma firme e instarem à libertação de todos os defensores de direitos humanos que se encontram atualmente atrás das grades”, sustenta.
Negado o acesso a advogados
O paradeiro de Idil Eser e dos demais detidos durante o workshop em Büyükada permanece desconhecido.
Terá sido negado o acesso a advogados à diretora executiva da Amnistia Internacional Turquia e às outras pessoas detidas, o que a polícia pode fazer, na Turquia, durante 24 horas. Ter-lhes-á também sido recusado contacto com um familiar, algo que tem de ser permitido imediatamente.
As autoridades policiais disseram aos advogados de que serão prestadas informações às 14h30 locais de quinta-feira, 6 de julho.
Junto com Idil Eser foram detidos sete defensores de direitos humanos: İlknur Üstün, da Women’s Coalition, o advogado Günal Kurşun, da Human Rights Agenda Association, Nalan Erkem, também advogada, da Citizens Assembly, Nejat Taştan, da Equal Rights Watch Association, Özlem Dalkıran, da Citizens Assembly, e, ainda, o advogado Şeyhmuz Özbekli, da Rights Initiative, e Veli Acu, da Human Rights Agenda Association. E também dois peritos estrangeiros – um alemão e um sueco – assim como o dono do hotel onde decorria o workshop.