19 Junho 2023

 

  • Pelo menos 79 mortos e centenas de desaparecidos
  • Amnistia Internacional profundamente preocupada com a falta de clareza da versão do incidente apresentada pelas autoridades gregas

 

Na terça-feira passada, 13 de junho, pelo menos 79 pessoas morreram num naufrágio ao largo da costa grega no Mar Mediterrâneo, enquanto tentavam chegar à Europa. Centenas estão ainda desaparecidas em pleno mar.

Adriana Tidona, investigadora sobre migração da Amnistia Internacional, sublinhou que esta é uma “tragédia de proporções inimagináveis, completamente evitável”, destacando que a Amnistia Internacional volta a apelar a “uma investigação urgente, exaustiva, independente e imparcial sobre o que aconteceu para causar esta catástrofe, e à prestação de assistência e apoio aos sobreviventes”.

“São muitas as perguntas que exigem respostas. Por que razão não foi lançada uma operação de busca e salvamento muito mais cedo? O que provocou o naufrágio do navio? É fundamental não esquecer que aqueles que perderam a vida, os sobreviventes e as suas famílias que merecem transparência, verdade e justiça”, reitera Adriana Tidona.

“É fundamental não esquecer que aqueles que perderam a vida, os sobreviventes e as suas famílias que merecem transparência, verdade e justiça”

Adriana Tidona

Enquanto o mundo espera que os sobreviventes desta tragédia tenham a oportunidade de contar as suas experiências, a Amnistia Internacional está profundamente preocupada com a falta de clareza da versão do incidente apresentada pelas autoridades gregas. A guarda costeira grega informou que ‘pessoas não especificadas’ que se encontravam no barco “recusaram” a sua assistência e quiseram seguir para Itália. No entanto, uma vez que existiam centenas de pessoas no barco, não é possível que todas tenham sido consultadas sobre a sua vontade.

“Esta tragédia é só a mais recente de uma longa sequência de naufrágios na Grécia e em toda a Europa que poderiam ter sido prevenidos”

Adriana Tidona

“O Governo grego tinha responsabilidades específicas para com todos os passageiros do navio, que estava claramente em perigo. Embora seja urgente e necessária uma investigação para esclarecer as circunstâncias do incidente, esta tragédia é só a mais recente de uma longa sequência de naufrágios na Grécia e em toda a Europa que poderiam ter sido prevenidos. As famílias estão de luto pelos seus entes queridos. Outras, procuram ainda quem se encontra desaparecido. Uma vez mais, os líderes políticos europeus poderiam ter evitado que isto acontecesse, estabelecendo rotas seguras e legais para as pessoas chegarem à Europa. Esta é a única forma de evitar estastragédias, tristemente tão frequentes”.

 

Contexto

A Amnistia Internacional insta as autoridades gregas a divulgarem mais informações sobre as circunstâncias que levaram à sua decisão de não resgatar este navio mais cedo. Apela também à Frontex (a Guarda Europeia de Fronteiras e Costeira) para que divulgue informações e imagens aéreas recolhidas no âmbito da sua observação dos acontecimentos. Essas informações serão fundamentais para reconstituir o incidente, uma vez que os seus aviões de vigilância comunicaram ter detetado o navio na manhã de terça-feira.

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