2 Novembro 2022

Já começou a vigésima primeira edição da Maratona de Cartas, o maior evento de ativismo a nível global, que decorrerá até 31 de janeiro de 2023. Ano após ano, a Amnistia Internacional mobiliza milhões de pessoas em todo o mundo, desafiando-as a assinarem petições e escreverem mensagens de solidariedade, em prol da defesa de pessoas e comunidades em risco. Ao longo dos últimos 20 anos, estas ações têm trazido justiça a várias pessoas, nomeadamente a defensores de direitos humanos, a quem o seu trabalho e voz dissidente colocou em situações de tortura, perseguição ou prisão injusta. Através deste projeto, a Amnistia Internacional tem feito caminho na construção de um mundo com leis mais justas, pressionando para a libertação de pessoas injustamente presas, promovendo a defesa do ambiente e sensibilizando para os direitos humanos.

Através deste projeto, a Amnistia Internacional tem feito caminho na construção de um mundo com leis mais justas, pressionando para a libertação de pessoas injustamente presas, promovendo a defesa do ambiente e sensibilizando para os direitos humanos

Em 2021, a Maratona registou um novo recorde de assinaturas e mensagens de solidariedade enviadas a partir de Portugal. Foram recolhidas 128.991 assinaturas e 4.431 mensagens de solidariedade para cada um dos casos deste projeto. A nível internacional, o projeto alcançou 4.657.104 ações em defesa dos direitos humanos.

Todos os anos são seleccionados diversos casos de pessoas ou comunidades que se encontram em risco, que são acompanhados e investigados de forma rigorosa pela organização. Nesta edição da Maratona de Cartas, a Amnistia Internacional – Portugal apresenta cinco casos para os quais qualquer pessoa pode fazer a diferença: Chow Hang-tung (advogada de direitos humanos e dos direitos laborais na China, presa por ações pacíficas), Aleksandra Skochilenko (jovem russa, presa por se opor à invasão russa da Ucrânia), Dorgelesse Nguessan (mulher presa após ter participado na sua primeira manifestação nos Camarões), Luis Manuel Otero Alcántara (artista cubano, preso por defender a liberdade de expressão) e Nasser Zefzafi (homem condenado a 20 anos de prisão por exigir, de forma pacífica, melhorias socioeconómicas em Marrocos).

Por todo o mundo, qualquer pessoa pode assinar petições, organizar eventos, enviar mensagens de solidariedade, partilhar informação nas redes sociais ou fazer donativos, em prol da sua proteção. Cada assinatura e carta lembra estas pessoas que não estão esquecidas nem sozinhas, contribuindo para um impacto positivo nas suas vidas. O projeto aposta em dinâmicas de envolvimento diferenciadas, como eventos em escolas por todo o país, ações de rua, entre outras.

Todas as pessoas são convidadas a participar de formas diferenciadas. Podem assinar as petições, promover pequenos eventos, em convívios ou através de partilha digital, junto de familiares, amigos, colegas de trabalho, associações, escolas ou outros grupos que integrem. A Amnistia Internacional desafia ainda universidades, associações académicas, organizações de juventude, câmaras municipais e até empresas, na partilha deste projeto, para um máximo de envolvimento em Portugal.

Devido a uma partipação global cada vez mais maior, a Maratona de Cartas tem tido um impacto marcante em vitórias de direitos humanos alcançadas

Devido a uma partipação global cada vez mais maior, a Maratona de Cartas tem tido um impacto marcante em vitórias de direitos humanos alcançadas. O crescimento desta campanha tem sido acompanhado com inúmeros sucessos, como o caso de Bernardo Caal Xol. Enquanto defensor dos direitos das comunidades indígenas, do ambiente e do direito à terra na Guatemala, Bernardo passou quatro anos injustamente preso pelas suas ações pacíficas contra a construção de duas hidroelétricas num rio essencial para a sua comunidade. Em julho de 2020, a Amnistia Internacional considerou-o um prisioneiro de consciência e iniciou uma campanha em sua defesa, tendo trabalhado o seu caso na Maratona de Cartas 2021. A pressão feita por várias ONG, por milhares de pessoas em todo o mundo, e também pela Maratona do ano passado, produziu efeitos positivos e, a 24 de março de 2022, Bernardo Caal Xol foi libertado.

Outro desfecho positivo foi o caso do Grupo de Solidariedade LGBTI+ da Universidade Técnica do Médio Oriente, onde dezoito estudantes e um docente enfrentaram um julgamento de mais de dois anos por organizarem um protesto pacífico. Foram absolvidos em outubro de 2021, depois da ação de mais de 445.000 pessoas, das quais 19.000 assinaturas seguiram de Portugal. Existem muitos outros casos, como o de Germain Rukuki, Paing Phyo Min, Magai Matiop Ngong, e tantos outros.

A Maratona de Cartas surgiu em 2001, em Varsóvia, quando um pequeno grupo de membros da Amnistia Internacional se reuniu para planear atividades para o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a 10 de dezembro. Durante horas seguidas, estas pessoas escreveram cartas às autoridades, apelando ao fim de injustiças em matéria de direitos humanos. Foi devido às 2.326 cartas escritas nesse ano, que nasceu a Write for Rights!, apelidada de “Maratona de Cartas” em Portugal.

Chow Hang-tung

Aleksandra Skochilenko

Dorgelesse Nguessan
Luis Manuel Otero Alcántara
Nasser Zefzafi
Assinar Petições

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